Homem desesperado evita fazer dieta com a mulher para salvar o casamento

Notícias Magazine

O tempo quente tardou mas parece que agora é que vai ser. Vem aí o verão. E, com ele, as revistas com corpos cuidados (alguns estão nestas páginas). E a pressão para fazer dieta. Dietas. Várias. Se não resulta uma, tente‑se outra. E, de preferência, como mandam as regras dos estilos de vida saudáveis, acompanhada de exercício físico feito com conta, peso e medida – o «peso e medida» não foram usados por acaso.

Ora, é sabido que, se em vez de encetarmos essa corrida sozinhos tivermos companhia para perder calorias, as probabilidades de a coisa correr bem são maiores. Está estudado. Alguém com quem partilhar um regime alimentar cuidado e um plano de treino equilibrado, adaptado às condições e objetivos de cada um.

Outra pessoa com quem falar sobre os desafios de comer de forma saudável e a terrível chatice que é acordar cedo para ir correr quando toda a gente está ainda a dormir. Um companheiro que puxa por nós quando não nos apetece ou a quem temos de dar um estímulo extra porque estamos cheios de vontade e ele não. Se fizermos a coisa a dois, um puxa pelo outro e há menos margem para baldas.

Há milhares de artigos a dar conta das vantagens de treinar e comer bem em conjunto, de estimular o outro e partilhar as conquistas: os quilos a menos na balança, os furos mais apertados do cinto, a roupa de tamanhos mais pequenos. Já se escreveu tanto sobre isto que chega a ser difícil explicá‑lo com argumentos diferentes, tantas são as boas razões para seguir estes planos de treino.

O que não falta pela internet fora é gente feliz orgulhosa do que conseguiu atingir. E da gordura que conseguiu deixar pelo caminho. Ora, precisamente por isso, por saber isto de trás para a frente, por já ter lido tanto sobre o assunto em todo o lado e por já ter tentado isso mesmo sem resultados é que aquele homem se recusava terminantemente a fazer dieta com a mulher.

Não ia repetir o mesmo erro. Não voltaria a ir com ela para o ginásio. Ou a fazer caminhadas a dois. Fosse o que fosse que envolvesse programas juntos para comer menos e perder calorias a um ritmo regular (e sexo às segundas, quartas e sextas não entrava nessa categoria, por muito que ele tentasse convencê‑la), o homem não alinhava.

Conhecedor do seu metabolismo, experiente com o seu ADN, ele sabia que o dia em que isso começasse era o dia em que aquele casamento acabava de vez. Ou começava a acabar. Cada quilo a menos dele seria um prego a mais no caixão daquela relação. E correrem alegremente lado a lado, estrada fora, em direção a uma meta de divórcio era coisa que não lhe interessava.

É que ela já tinha tentado várias vezes. E nunca conseguia. Fazia as dietas da moda, tentava as últimas novidades, seguia a par e passo as indicações que via nas revistas ou nas apps que descarregava, passava a comer mais rebentos de soja do que o habitual. E nada. Não havia maneira de perder peso.

Ele, por outro lado, de cada vez que começava a fechar a boca a um bife do lombo com batatas, a uma feijoada ou a um gelado, era certo e sabido que começava a emagrecer. Se juntasse a isso uns escassos vinte minutos de corrida todas as manhãs ou uma jogatana de futebol com os amigos uma vez por semana, abatia a barriga em menos de um fósforo. Para ela, perder peso era um martírio. Para ele, perder peso era uma questão de tempo e vontade. Uns com tanto, outros com tão pouco.

E isso deixava‑a frustrada. Irritada. Chateada porque não conseguia emagrecer, ao mesmo tempo que ele ia ficando cada vez mais fit. Começava a responder mal, depois passava a criticar as saladas dele e acabava a discutir por causa das camisolas transpiradas que ele trazia do ginásio. Era certo. Já tinha acontecido, ia continuar a acontecer.

Ou se separavam por diferenças de ADN irreconciliáveis ou aceitavam as barrigas um do outro. Ele optou pela segunda. É assim desde sempre. E todos os anos, em abril ou maio, voltam a ter esta discussão.