Os alimentos que ajudam a combater a depressão

Texto Sara Dias Oliveira | Fotografia D.R.

O diagnóstico médico e a prescrição adequada de acordo com o quadro clínico, muitas vezes assente numa intervenção medicamentosa, são passos essenciais para tratar uma depressão. Mas a alimentação também pode ter uma palavra a dizer nestes casos até porque há nutrientes que não devem ser ignorados no tratamento da doença, e seus sintomas, e que podem ser eficazes quando associados à medicação. O ómega 3 dos peixes gordos, como a cavala e a sardinha, é um desses exemplos.

O assunto é recente. Só na última década é que as atenções se debruçaram na inflamação como mecanismo associado à doença mental e, por sequência, à depressão.

«A inflamação em si é um processo necessário. De resposta do organismo a uma agressão. Mas esta – a inflamação aguda – tem de ser resolvida no tempo. O que acontece é que para a resposta aguda temos o envolvimento de entidades que são muito potentes enquanto agentes inflamatórios, e que são de origem em ácidos gordos ómega 6 cujas fontes alimentares são sobretudo de gorduras animais terrestres», diz Conceição Calhau, nutricionista, professora universitária e investigadora nas áreas de Bioquímica, Nutrição e Toxicologia Alimentar.

O ómega 3 dos peixes gordos, como a cavala e a sardinha, pode combater a depressão e seus sintomas.

«Ao contrário, os agentes anti-inflamatórios que produzimos no organismo, e que são cruciais sobretudo na fase após a reação inflamatória aguda, são de origem ómega 3», acrescenta.

O corpo reage de diferentes formas. Com uma alimentação com mais ómega 6 e menos ómega 3, e quando há uma agressão, o corpo responde com uma inflamação que, todavia, não é resolvida já que não há produção suficiente de agentes anti-inflamatórios.

Quando a inflamação aguda dá lugar a uma inflamação crónica de baixo grau, pode estar na origem de patologias como a diabetes, doenças cardiovasculares e depressão.

«Assim, a inflamação aguda dará lugar a uma inflamação crónica de baixo grau. Esta sim, a entidade reconhecida atualmente como associada a diversas patologias como a diabetes, doenças cardiovasculares e, agora também, depressão».

Há aqui substâncias, que exercem as funções benéficas do ómega 3, com nomes estranhos abreviados em siglas. Os ácidos eicosapentaenoico (EPA) e o docosahexaenoico (DHA).

«Devido a estudos clínicos, outros de observação, revisões sistemáticas e meta-análises, a suplementação com EPA e DHA (pelo menos 60% de EPA relativamente ao DHA), mostraram-se eficazes em associação a diferentes fármacos no tratamento quer da depressão major, quer dos sintomas depressivos», adianta a investigadora.

«Se a situação é o diagnóstico da doença, consoante o caso, a prescrição deverá ser de um suplemento de EPA+DHA (com mais EPA que DHA, pois na depressão a inflamação assume papel relevante, e o EPA é o mais anti-inflamatório). Se a situação fosse a demência, falta de memória, o mais relevante seria o DHA, logo o suplemento deverá ter mais DHA», acrescenta Conceição Calhau.

Seja como for, o conselho é consumir alimentos fontes de EPA e de DHA, como cavala e sardinha, por exemplo.