Guia para tomar boas decisões de Ano Novo

Notícias Magazine

Todos os anos, por esta época, a mesma sensação: os fins de ano são sempre muito stressantes. Antes do fim do ano, do réveillon, há o inevitável balanço – seja no duche seja no Facebook. Um balanço acarreta desilusão – do que podíamos ter feito que não fizemos, ainda que talvez possamos ter feito coisas que não era suposto fazermos…

Depois há todo um ritual a cumprir – contar as passas, somar desejos, pôr o pé no ar, ir para cima de uma cadeira, brindar, fazer a contagem decrescente, acender as estrelinhas, beijar, ver o fogo-de-artifício, tudo isto com a roupa interior azul já vestida…

Depois, pouco se compara à primeira semana do ano. Ainda vamos no sexto dia e já falharam promessas – até porque os dois primeiros dias do ano são muito provavelmente passados a curar ressacas ou a regressar de férias. Ou, muito simplesmente, a voltar a uma vida que decorre igualzinha à que tínhamos antes de o calendário virar.

A dieta? Já era ou ainda não é. Exercício? Como, se os olhos se fecham sob o peso de uma noite mal dormida? Ler? E outra vez o sono. Ser simpático e não voltar a enervar-se por dá cá aquela palha? E a estupidez das pessoas que parece não ter férias, nem mudar?

Depois de três dias de stress puro, resolvi pesquisar o que pode fazer que o início de um novo ano possa ser mais prazenteiro. Encontrei, claro, milhares de conselhos, dizendo tudo e o seu contrário, e todos devidamente caucionados por estudos ou teorias baseadas em conhecimento científico. Em todos, percebi, há um ponto comum, plausível: as decisões e desejos de Ano Novo devem ser realistas e à medida do que conhecemos ser a nossa vontade.

É preciso saber o que é uma boa decisão de fim de ano antes de nos pormos a fazer juras a nós próprios. Quantificar e aprazar. É melhor dar-se uma meta para uma corrida do que começar a correr por aí. Uma data. Um timing. É assim como os orçamentos da gestão: nas metas das empresas e nos objetivos pessoais, o sucesso deve poder ser mensurável. E quantificável.

E isto, segundo algumas teorias da tomada de decisão – sim, há toda uma área de pensamento que se dedica a isto –, afeta até o nosso cérebro: se não tomarmos a decisão específica, ele continuará a agir da mesma forma como agia anteriormente, e há muita probabilidade de falhar.

Há três anos que faço estas pesquisas sobre tomadas de decisão, em artigos que saem nesta época. Acho até que já podia escrever um tratado sobre isto. Neste ano descobri mais duas ou três dicas. Que é preciso fazer curto-circuito à tentação – encontrar uma forma de associar uma coisa positiva que já fazemos sem pensar a uma outra que exige esforço (por exemplo, usar fio dental nos dentes depois de os escovar e não antes, ouvir música que nos envergonharia, mas de que secretamente gostamos, para correr).

E que o sucesso de conseguir começar a cumprir as decisões é iniciá-las pelas que menos força de vontade exigem: preparar o pequeno-almoço de véspera, em vez de cortar com o açúcar de uma só vez. Isto porque quando alguém faz funcionar a força de vontade, está a usar uma função do córtex pré-frontal, que deixa as outras funções mentais exauridas. Isto também significa que a força de vontade é como um músculo que deve ser treinado. O que é, desde logo, uma boa decisão de ano novo: treinar o cérebro.