
Texto de Ana Pago | Fotografia de Gonçalo Villaverde/Global Imagens
Gonçalo Pereira não se parece em nada com a ideia que habitualmente fazemos de um orientador de mindfulness. É discreto e risonho na justa medida, com ar de miúdo, ótimo a contar histórias. Uma combinação de equilíbrio, movimento e respiração – exatamente aquilo de que o nosso corpo e mente precisam, caso reparássemos.
«Temos de aprender a experienciar a vida sem o filtro contínuo de pensamentos e preocupações», diz. É algo que só nos traz desgaste, até o Panda do Kung Fu sabe isso. «Ontem é história, amanhã um mistério e hoje uma dádiva, por isso se chama presente.»
«Uma das razões por que as pessoas procuram o mindfulness é a necessidade de acalmar a agitação interna»
Certo é que alguma coisa os monges budistas de Norwich devem ter visto em Gonçalo, porque lhe deram o nome Sagara – que significa oceano – quando trabalhava em Londres como designer gráfico e acabou com eles no mosteiro, a viver por quatro anos e meio.
Depois disso passou por outros templos na Europa, Nepal, Índia, Sri Lanka, Birmânia: quanto mais meditava, melhor notava se os estados mentais que surgiam eram perturbadores ou benéficos, a potenciar o despertar da consciência. Fez ainda várias formações em mindfulness no Reino Unido, em diferentes áreas. Hoje soma mais de 25 anos de prática, é um dos formadores mais experientes em Portugal e o fundador do Centro Upaya, em Lisboa.
«Uma das razões por que as pessoas procuram o mindfulness é a necessidade de acalmar a agitação interna», conta Sagara. Agir é útil para resolver e fazer coisas, porém, estamos tão acostumados a querer chegar a tudo que deixamos de saber como parar de fazer.
E aqui entra a prática da atenção plena: «Ao ocuparmo-nos do agora sem nos angustiarmos com o que se passou, está para passar ou meras fantasias, superamos este stress que nos domina.» E quem pode pedir mais à vida?
Uma vida em números
18 – AGENDA
É já a 18 de abril que arranca o próximo curso de oito semanas que Sagara dá em Lisboa para ensinar a romper os ciclos de ansiedade e stress que nos afetam a todos. Termina a 6 de junho.
2015 – SONHO
Foi a 18 de outubro que o Centro Upaya abriu as portas ao público em Campolide, nascido da necessidade de se criar um oásis de paz, simplicidade e clareza na capital
15 – FORMAÇÃO
Nos últimos 15 anos, milhares de pessoas passaram pelas mãos (que é como quem diz cursos) de Gonçalo, não só através do Centro Upaya como, mais recentemente, do Instituto Mindfulness.
50 – ALMOÇO
Às quartas-feiras, das 13h00 às 13h50 no Upaya, uma prática de meditação à hora de almoço garante tempo para respirar e armazenar muita calma. São os melhores 50 minutos da semana para quem dela usufrui.
2017 – SALTO
Tanto quis levar o mindfulness ao trabalho, saúde e educação que, no início do ano passado, Sagara fundou também o Instituto Mindfulness, dedicado à investigação e à formação de facilitadores