Nesta semana natalícia, tenho comigo, nas entrevistas que nunca fiz, Armando Vara. O ex-ministro deverá entrar na prisão para cumprir a pena pela prática de três crimes de tráfico de influência nos primeiros dias de 2019, podendo ainda estar em casa no Natal e na passagem de ano. Por isso, era agora ou nunca. Olá, Armando…
Você cheira bem. Que perfume é esse?
Tem piada que pergunte isso. É o meu perfume favorito. Chama-se Impostor by Armando Vara.
Não achei graça.
E se eu lhe der trinta robalos?
Hum… Tem piada, sim.
Segundo sei, está a gozar os seus últimos dias de liberdade. Já que, após o Natal e a passagem de ano, vai para o Estabelecimento Prisional da Carregueira. Mas, antes isso do que ir para os treinos dos comandos lá na zona. Acho engraçado que só o prendam a seguir à época festiva. Dá à sensação que a Justiça não o prende com a habitual desculpa: eh pá, agora não dá, porque mete-se o Natal e depois a passagem de ano. Já fez a sua carta ao Pai Natal?
Eu não acredito no Pai Natal.
Eu acredito mais no Pai Natal do que na sua inocência. Faz mal, devia pedir uma serra para aço, vários maços de tabaco, que são a bitcoin da Carregueira, e umas cuecas de aço.
Eu sou inocente! Vou ser o primeiro preso por tráfico de influência em Portugal.
Que horror. Estou escandalizado! Afinal, tudo o que o senhor recebeu foi uma caixa de robalos congelados, um pão de ló e um decantador de vinho no valor de 600 Euros. Isto não parece corrupção, isto parece um cabaz de Natal.
Fui vítima de uma cavala… perdão, cabala.
Coitado. A pergunta que eu faço é: se um vice-presidente da CGD recebe robalos congelados para fazer uns favores, será que com uma lata de atum consigo comprar um caixa de banco? A vantagem de ser pago em robalos é que uma pessoa pode dizer aos amigos qual é o tamanho da corrupção com as mãos, e pode sempre exagerar no tamanho.
Estou farto da sua entrevista, acho que vou já para a Carregueira para não ter de o aturar.
Desculpe, mas faz-me confusão. Robalos crus?! Se ainda fosse um BMW ao sal ou uma caldeirada de Rolex.
Ainda por cima fui enganado.
Pelo sucateiro?
