A festa dos estudantes

Texto de Ana Patrícia Cardoso | Fotografia Arquivo JN

É o dia mais esperado de toda a semana de Queima das Fitas. Os carros alegóricos estão prontos e as cartolas dos finalistas devidamente compradas. Assim é há mais de um século – a primeira queima realizou‑se em 1899.

O ano de 1957 não foi exceção. Se Coimbra é a Cidade dos Estudantes, onde nasceu a tradição, o Porto não fica atrás na dedicação ao cortejo. O Jornal de Notícias acompanhou a folia e testemunhou a euforia dos jovens que desciam agrupados por curso.

Da Rua dos Bragas, em frente à Faculdade de Engenharia, desceram vinte carros alegóricos. A cidade saiu à rua para ver o desfile e juntar‑se aos festejos. «Milhares de pessoas acorreram à Baixa para assistir a um dos números de maior interesse do programa festivo da Queima das Fitas», podia ler‑se no JN.

Hoje em dia, Quim Barreiros é o dono da noite do cortejo, tanto no Porto como em Coimbra, mas na década de 1950 viviam‑se tempos e ritmos diferentes.

O passo é lento, não há pressa para acabar. São horas de brindes, cartoladas e bebida até ao final do final. Os jovens levam a brincadeira muito a sério e vestem os conjuntos mais cómicos para arrancar gargalhadas. É a tarde em que tudo é permitido.

Hoje em dia, Quim Barreiros é o dono da noite do cortejo, tanto no Porto como em Coimbra, mas na década de 1950 viviam‑se tempos e ritmos diferentes. O Cortejo da Queima dava lugar à Noite do Folclore nos jardins do Palácio Burmester, com a colaboração do grupo de danças regionais do Orfeão Universitário do Porto ou o Rancho do Douro Litoral. E como a noite não tem horas para terminar, segue o baile madrugada dentro.

PAUSA DE PROTESTO
A partir de 1969, não se realiza a queima durante os onze anos seguintes. É decretado o luto académico por causa das greves estudantis em oposição ao Estado Novo. Voltaria a realizar ‑se em 1980.