“Felizmente a justiça em Portugal ainda funciona”

Notícias Magazine

Hoje, tenho comigo Duarte Lima. Quase sete anos depois de ter sido detido preventivamente no âmbito do caso Homeland (em causa está uma burla de 47 milhões de euros, cometida com dinheiro do antigo BPN), nesta semana o Ministério Público pediu a detenção imediata do ex-deputado do PSD, mas ele está aqui connosco. Parabéns!
Obrigado. Felizmente a justiça em Portugal ainda funciona e um juiz das varas criminais não aceitou o pedido do Ministério Público devido à existência de recurso, ainda pendente no Tribunal Constitucional. Sou das poucas pessoas do PSD que dá graças a Deus por existir uma Constituição.

Tenho que confessar que o considero o nosso Houdini.
Não estou a entender.

Acho que o senhor é o maior escapologista desde Harry Houdini. Nunca vi ninguém com a sua capacidade para escapar a algemas e celas, etc. Quando parece que é desta, lá consegue safar-se.
Eu já estive preso. Felizmente, a justiça funcionou e, na altura, deixaram-me ir para casa com uma pulseira eletrónica. Felizmente puseram-me a pulseira no pé em vez de no pulso porque eu gosto de tocar piano e órgão e não me dava jeito nenhum.

Ilustração Marco Mendes

É verdade. Já não me lembrava que o senhor é considerado um exímio pianista. Imagino que seja perito em Johann Sebastian Bach, nomeadamente na famosa “Arte da Fuga”.
Vou fingir que não percebi o seu trocadilho para não ter de o abater.

Hum… Não acredito que fosse capaz de fazer uma coisa dessas a uma pessoa com menos de setenta anos de idade. Aliás, eu já pensei que o senhor podia ser a pessoa ideal para reduzir os gastos do Estado com as pensões de reforma.
Por acaso, fique sabendo que eu recebo duas pensões de aposentação.

Que maravilha. Imagino que só lhe falta receber a pensão da Rosalina Ribeiro, para ficar bem.
Não estou a gostar das suas insinuações. Felizmente neste país uma pessoa é inocente até prova em contrário ou até estar morta. Seja como for, somos um país de brandos costumes, mas, se fosse a si, não exagerava.

Por acaso, aí sou forçado a concordar consigo. Portugal é um país de brandos costumes. Mas, Portugal em si. Porque o português fora do país é um indivíduo extremamente perigoso. Só assim de repente, recordo: Militão, Renato Seabra e o Doutor Duarte Lima. Os portugueses quando vão lá para fora assassinam portugueses como ninguém. Aqui somos uns moles, lá fora temos fama de grandes bandidos.