Esta semana, nesta alegada entrevista que nunca fiz, tenho, alegadamente comigo, o alegado pirata informático que, alegadamente, será suspeito de, alegadamente, ter roubado os alegados e-mails do Benfica que deram origem ao caso e-toupeira. Olá, alegado Rui Pinto. Antes de mais, gostava de dizer que todas aquelas buscas no “youporn” que estão no meu computador foram feitas pelo cunhado da minha porteira. Eu sou uma pessoa saudável e não necessito de ver pornografia, e nunca vi aquele vídeo da Nicole Aniston e do rabanete.
Esteja descansado que eu nunca acedi ao seu computador.
Ainda bem, o cunhado da minha porteira fica mais descansado. A primeira pergunta que lhe queria fazer é: acha que podia aceder ao portal das Finanças e tratar de fazer desaparecer o meu Imposto Único de Circulação (IUC)? Tenho até dia 30 para pagar aquilo e dava-me jeito poupar umas massas.
Vou ver o que posso fazer. Agora é complicado porque anda tudo de olho em mim.
Imagino. Enquanto enchem páginas consigo não se fala do facto de o Benfica ter gente infiltrada na Justiça a sacar informação sobre adversários, árbitros, etc. Tenho de lhe dizer que acho alguma graça porque os Panamá Papers foram considerados serviço público mas os e-mails da, alegada, corrupção benfiquista são um crime hediondo.
Começo a simpatizar consigo. Esqueça o IUC, eu trato disso.
Veja lá, também não quero que se meta em chatices por minha causa, até porque eu em 1989, quando fiz a minha viagem de finalistas, estive na Hungria três dias. E confesso que tenho um problema, com tantos leaks fico com vontade de urinar. Aqui entre nós, foi mesmo o senhor que pôs cá fora aqueles e-mails todos do SLB?
Não vou responder a essa pergunta.
Foi aconselhado pelo seu advogado?
Não, não é por isso, estou ocupado a tratar do seu IUC.
Então não o chateio mais. Só mais uma pergunta. Segunda consta, o senhor, aos 23 anos, desviou 270 mil euros de um banco sediado nas ilhas Caimão. Há alguma hipótese de voltar a fazer uma coisa dessas?
Já estou a resolver o seu IUC, não vou resolver todos os seus problemas financeiros.
Não é para mim. Estava a pensar se o senhor não podia dar um salto a um desses paraísos fiscais, nomeadamente a um do Salgado, e finalmente resolver o problema dos lesados do BES. Quem sabe, agora que o nosso primeiro-ministro anda a apelar ao regresso dos nossos emigrantes altamente especializados, o senhor podia regressar a Portugal com desconto de 50% no IRS e ainda ser condecorado pelo Presidente da República.