Envelhecer: a eles crescem-lhes as orelhas e elas ganham rugas primeiro

Texto NM | Fotografias da Shutterstock

CÉREBRO

A avaliar por um estudo da Universidade de Szeged, na Hungria, o cérebro masculino envelhece mais rapidamente que o feminino, o que explica que sejam eles a registar o maior número de doenças neurodegenerativas como Parkinson. Curiosamente, outra pesquisa do Centro Médico da Universidade de Duke, em Durham, EUA, afirma serem elas as mais afetadas pela doença de Alzheimer, algo que poderá estar relacionado com a maior incidência, nas mulheres, da apolipoproteína E4 (apoE4), uma proteína presente em 60 a 80 por cento dos casos.

RUGAS

O facto de serem um símbolo clássico da velhice não as torna mais apetecíveis, longe disso. E aqui são eles os sortudos, já que terem a pele 20 por cento mais grossa que a delas, com mais colagénio e elastina, os torna particularmente resistentes aos efeitos do tempo, segundo um estudo publicado no Journal of Dermatological Science. O «senão» vem depois, ao mesmo tempo que as rugas masculinas: quando surgem (e vão acabar por surgir), o efeito é sempre mais sulcado e profundo neles, sublinham investigadores da Faculdade de Medicina Sackler, em Tel Aviv, Israel.

ESPERANÇA DE VIDA

Não se sabe bem porque são as mulheres a apresentar uma esperança média de vida maior, apenas que é assim (apesar de estarmos a caminhar para uma aproximação entre géneros nas próximas décadas). Enquanto isso não acontece, uma pesquisa da Universidade de Tóquio, no Japão, sugere que o responsável pode ser o sistema imunitário feminino, a deteriorar-se mais lentamente que o masculino. Segundo cientistas da Universidade de Uppsala, na Suécia, a culpa pode ser ainda do cromossoma Y, exclusivo deles, ao passo que outros estudos apontam razões culturais e sociais para este desfasamento.

CALVÍCIE

Não são boas notícias para os homens: ainda que ambos os sexos percam cabelo e espessura dos fios à medida que envelhecem, são eles os mais afetados pela calvície, quase sempre provocada por fatores genéticos e hormonais que fazem estragos sem apelo nem agravo. No caso das mulheres, a queda de cabelo raramente é tão significativa como nos homens e pode ser desencadeada pela menopausa.

OSTEOPOROSE

Neste ponto concreto, é a vez de as mulheres encaixarem as notícias desagradáveis: não só serão elas as mais afetadas pela degradação estrutural e a perda da densidade mineral dos ossos na fase pós-menopausa – devido à diminuição de estrogénio que torna o esqueleto poroso –, como são também elas as mais atreitas a desenvolver outras anomalias nos ossos e articulações como lombalgias, artroses, fibromialgias, osteoartrite ou gota. Três em cada quatro pacientes são do sexo feminino.

TRAÇOS FACIAIS

Já lhe falámos das rugas, mas muitos outros sinais marcam o rosto como a nenhuma outra parte do corpo, alterando os próprios traços faciais: a pele perde gordura e tónus muscular, a cara fica mais flácida (neles e nelas). Manchas escuras aparecem devido a uma vida de exposição ao sol, sobretudo nas mulheres, cuja pele é mais fina. Também em ambos os sexos as gengivas tendem a retrair-se, contribuindo para uma aparência ainda mais engelhada – a falta de dentes não ajuda. E que dizer das orelhas e narizes dos homens? Nada, a não ser que continuam a crescer e a alongar (mais as orelhas que o nariz), acompanhando o crescimento contínuo da cartilagem de que são compostos e a quebra das fibras de elastina e colagénio.

PROBLEMAS CARDIOVASCULARES

Mais más notícias para os homens: regra geral, a mortalidade por complicações cardíacas é bastante superior neles, com valores que atingem praticamente o dobro no que diz respeito a enfartes do miocárdio e cardiopatias isquémicas. As hormonas femininas asseguram às mulheres boa parte da proteção cardiovascular até à menopausa, altura em que também elas passam a correr maiores riscos. Tabagismo, obesidade, hipertensão, sedentarismo e diabetes são tudo fatores relacionados com a falta de saúde do coração que continuam a estar mais ligados aos homens.

CANÍCIE

É uma palavra pouco conhecida para designar os típicos cabelos brancos – esses sim, muito conhecidos – que afetam homens e mulheres por igual, embora neles tendam a aparecer uns cinco anos antes, logo a partir dos 30. Com o passar do tempo, a quantidade de melanina nos folículos pilosos diminui e surgem mais cabelos prateados. As diferenças entre pessoas variam depois consoante a genética de cada uma.