De mãe para mim

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Ana, fica com esta certeza: tudo irá passar. O bom e o mau. Já te devem ter dito que a vida muda, que a espontaneidade se perde, que todos os passos e decisões, por mais pequenos, têm de ser ponderados e planeados.

Faz o luto a essa «liberdade» de acção que deixa de existir, para que o embate da mudança seja o menor possível.

Sim, os primeiros meses são muito difíceis, porque tudo fica diferente: as rotinas, os padrões de sono, a dinâmica entre o casal, a casa, em especial, o quarto dos pais. Conselhos práticos: antes de a bebé nascer, armazena no congelador muita sopa e coisas que se possam cozinhar num ápice. É importante estares bem alimentada para aguentar o cansaço. Não saltes refeições.

Não fiques triste se a realidade for muito diferente daquilo que imaginaste ou te contaram.
Deixa que o teu bom senso, o teu instinto e os sinais que a tua filha te dá te guiem nas decisões que tomas.

Sai de casa, vai apanhar ar. Com a bebé e sem a bebé. A rotina de dar‑de‑mamar‑mudar‑a‑fralda ‑limpar‑o‑bolsado, lavar‑a‑roupa‑para-secar‑a‑tempo-dar‑de‑mamar‑mudae‑a‑fralda‑limpar‑o –bolsado, dar‑de‑mamar‑mudar‑a‑fralda‑limpar‑o‑bolsado,dar‑banho‑dar‑de‑mamar‑mudar‑a‑fralda, ad infinitum é dura e para sobreviver a ela, precisas de uns raios de sol e de ar fresco.

Também te devem ter dito que a chave de tudo é a paciência e a calma. E é. Mas quando perderes a paciência e a calma (afianço‑te que irá acontecer), não te sintas culpada. Geralmente, se um dos pais perde as estribeiras, o outro aguenta as pontas até que o parceiro se recomponha.

Não te preocupes se choras em frente à vossa bebé. Basta que lhe digas que estás cansada, que és humana e falível, mas que o teu amor por ela nunca está em causa. Os bebés são muitíssimo astutos e geralmente lidam melhor com a sinceridade do que com o fingimento.

Confia nas tuas decisões. Se errares (afianço‑te que vais errar), que seja porque fizeste algo que estavas convencida de que era o melhor para a tua filha e não porque não‑sei‑quem ‑disse‑que‑tinha‑de‑ser‑assim‑porque‑senão‑caía o‑carmo‑e‑a‑trindade.

Goza muito esta tarefa sublime de dar vida e dar a mão a um ser humano, ajudando‑o a cumprir‑se. O melhor de se ter um filho é vê‑lo autonomizar‑se aos poucos e observar o seu sorriso rasgado perante o mundo. Deixa que a sua inocência te contamine. Aprende com ela, sobretudo.

Enquanto isso, empanturra‑a de beijos e de colo, que é para isso que a vida foi criada: para amar e ser amado.