Crianças ao sol: as respostas essenciais

Notícias Magazine

Texto Sofia Teixeira | Fotografia Getty Images e Shutterstock

Com que idade podem apanhar sol?

Não há um consenso absoluto em relação a isso. A Sociedade Portuguesa de Dermatologia recomenda que crianças até aos 2 anos não sejam expostas diretamente, a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo preconiza que não deve haver exposição direta no primeiro ano de vida. A Skin Cancer Foundation e a Academia Americana de Pediatria são um pouco mais brandas, aconselhando esta restrição até aos 6 meses – porque abaixo desta idade não é aconselhável aplicar protetores solares

E antes destas idades?

Podem ir, mas sem exposição direta ao sol, ou seja: com a maior extensão possível de pele tapada com roupa e com um chapéu de abas largas, à sombra de um guarda-sol ou das árvores, até às 11 da manhã ou depois das 17 horas. Se tiverem mais de 6 meses, podem colocar protetor solar adequado à idade. Estas recomendações são válidas independentemente da tonalidade de pele da criança.

Qual o melhor protetor solar?

Deve ter largo espetro de proteção – proteger contra os raios UVA e UVB –, ter um fator de proteção (SPF) de, no mínimo, 30 e ser resistente à água. Entre os 6 meses e os 2 anos, alguns dos protetores solares mais eficazes são os de barreira física, que formam uma camada capaz de refletir a radiação. Deve ser aplicado cerca de trinta minutos antes da exposição solar e renovado a cada duas horas e após o banho – mesmo que seja à prova de água. É aconselhável experimentar protetores solares novos um ou dois dias antes, numa zona pequena para garantir que não causa reação alérgica, mesmo que tenha optado por uma fórmula hipoalergénica. Não esquecer de o aplicar nas orelhas e nas costas das mãos. Para os lábios, usar um batom com proteção solar.

A roupa não protege do sol?

Depende da roupa. Uma T-shirt de algodão fino, numa cor clara, deixa passar mais de 80% da radiação ultravioleta (UV). Se a ideia for contar com a proteção da roupa, é melhor optar por um tecido mais grosso e de cor escura – que ninguém gosta de vestir às crianças nesta altura do ano. Em alternativa, há várias marcas que comercializam roupa com uma malha e um tratamento específico que garante proteção UV (bloqueia mais de 98 % da radiação) independentemente da cor.

A sombra protege-os do sol?


Em parte. A radiação não vem só de cima: os raios solares refletem-se na areia e na água e vêm de todas as direções. Mesmo debaixo do guarda-sol, as crianças ficam expostas a cerca de trinta por cento da radiação ultravioleta. Ou seja: três horas à sombra do um guarda-sol equivale a cerca de uma hora de exposição direta ao sol. É por isto que as crianças (e os adultos) não devem estar na praia entre o meio-dia e as 16 horas, mesmo que seja debaixo do guarda-sol.

Devem usar óculos escuros?

Proteger os olhos da radiação também é importante. Os efeitos da radiação nos olhos podem levar a cataratas precoces na idade adulta. A partir dos 6 meses as crianças já os podem usar, mas atingidos os 3 anos, uma idade em que as restrições ao sol diminuem e eles brincam mais ao ar livre, há indicação para os colocar. Importante é a qualidade dos óculos, que devem filtrar entre 99 e 100% da radiação UVA e UVB, caso contrário provocam mais danos do que aqueles que impedem.

E na adolescência?


As recomendações para adolescentes são idênticas às dos adultos – cumprir os horários já conhecidos e proteção adequada –, mas várias organizações chamam a atenção para o facto de serem os mais jovens quem mais pisa o risco, não só pelos horários de praia mas também pela moda do corpo bronzeado. A Organização Mundial da Saúde, a Academia Americana de Dermatologia e a Associação Americana de Pediatria defendem a criação de legislação que proíba de vez o acesso a solários para bronzeamento artificial de quem tem menos de 18 anos – uma lei já em vigor em alguns estados americanos.

Que riscos implica o sol em excesso?

O cancro de pele é um dos mais frequentes no mundo inteiro. E note este número: uma única queimadura solar, vulgo escaldão, durante a infância duplica as probabilidades de desenvolver melanoma, a forma mais mortal de cancro de pele, na idade adulta. Por isso é tão importante que os pais protejam os filhos e os ensinem, desde cedo, a ter comportamentos saudáveis em relação ao sol. A única boa notícia é que as estatísticas dizem que, quando detetados nos estádios iniciais, mais 90% dos cancros da pele têm cura. Mas continua a ser preferível fazer tudo para os evitar.