Oiça quando o coração pede ajuda

Texto Sara Dias Oliveira

Quando ele bate de uma outra maneira, está a dar um sinal. Aquele cansaço que não passa, as pernas que aumentam de volume, uma falta de ar incómoda. Se o coração não está bem, é preciso ouvir as suas queixas, e procurar ajuda médica.

Insuficiência cardíaca significa que o coração não é capaz de bombear sangue para o organismo na quantidade necessária. A função cardíaca fica comprometida, isto é, o coração não consegue levar sangue suficiente ao resto do corpo, nem responder às suas necessidades.

«A pressão arterial elevada, muitas vezes associada a outros fatores de risco, como a diabetes e a obesidade, é a principal causa do aparecimento desta doença em Portugal», explica Vicente Moura, presidente da Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca (AADIC). Trata-se de um problema de saúde incapacitante quando não é diagnosticado e controlado. Pouco conhecido e subestimado por parte da população portuguesa.

A insuficiência cardíaca atinge cerca de 400 mil portugueses, de acordo com os cálculos internacionais, ou seja, 4% da população.

Quando os sintomas surgem, marcar uma consulta com o médico de família deve ser o primeiro passo. Para explicar o que se passa, o que se sente, e fazer o diagnóstico. «Numa fase precoce é possível minimizar as consequências da doença e garantir uma melhor qualidade de vida para o doente”, adianta o responsável.

Conhecer os fatores de risco no desenvolvimento da insuficiência cardíaca é uma boa forma de prevenção. «É possível prevenir esta doença, nomeadamente através do controlo e tratamento precoce de algumas doenças que levam à insuficiência cardíaca, como a tensão arterial, a diabetes, a obesidade, o colesterol», refere Vicente Moura.

Vicente Moura, presidente da Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca (AADIC)
Descansar e ter uma vida sem stress e ansiedade são fatores que ajudam o coração.

É também importante uma vida equilibrada, prática regular de exercício físico, e alimentação saudável. «No caso das doenças cardíacas, o descanso e uma vida desafogada, sem stress e ansiedade, é também essencial.»

A insuficiência cardíaca atinge cerca de 400 mil portugueses, ou seja, 4% da população, mas a AADIC estima que muitos casos ainda não estão diagnosticados e, por consequência, tratados. Nesse sentido, avançou com a campanha «Escute o Seu Coração», que está em 125 farmácias portuguesas, até 30 de abril, com mupis e folhetos informativos sobre os principais sintomas da insuficiência cardíaca e sobre a importância de um diagnóstico precoce.

A AADIC está, aliás, a ser recebida pelos partidos políticos para debater algumas exigências para a melhoria das condições de acesso e tratamento da insuficiência cardíaca no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O objetivo é conseguir uma reunião na Assembleia da República, com a Comissão Parlamentar de Saúde, para debater a possibilidade do doente cardíaco ser equiparado a um doente com insuficiência renal e diabético, ao nível dos direitos e mais-valias no SNS.