Compras de Natal online? Sim, mas em segurança

Texto de Cláudia Pinto

A um mês do Natal, Paula Mosa, de 31 anos, já tinha praticamente todos os presentes de Natal comprados. A antecipação repete-se todos os anos e a opção pelas compras online também. “É benéfico em termos de diversidade porque temos imensas alternativas, por um lado, e poupo imenso tempo, por outro. A acessibilidade é maior, já que posso comprar em qualquer lugar e a qualquer hora, mesmo nos horários em que as lojas físicas não estão abertas”, explica.

Um dos aspetos a ter em consideração na época natalícia é pensar antecipadamente, sobretudo quando recorre a sites internacionais, como o AliExpress , eBay e Amazon. “Há que ter em consideração os tempos de entrega porque são mais demorados do que se se recorrer a sites nacionais”, diz.

Em sites como AliExpress, eBay e Amazon, “há que ter em consideração os tempos de entrega porque são mais demorados do que se se recorrer a sites nacionais”

Dependendo dos artigos e do preço a pagar pelos mesmos, Paula faz por escolher sites fidedignos. Quando opta por adquirir online em lojas portuguesas, prefere levantar na loja. “Normalmente é rápido e escuso de estar em filas.” Uma das estratégias que utiliza para se sentir mais segura é o pagamento por MB Way, devido à funcionalidade de gerar os cartões online com um limite de valor. “É o que tenho utilizado mais e tem corrido tudo bem.”

O caso de Paula é positivo mas nem sempre as compras online têm o mesmo desfecho. Assim foi com Maria Rego, de 55 anos, uma das vítimas de burlas à solta na internet que lhe custou 40,99 euros (sapatilhas + portes). Há um ano, uma amiga enviou-lhe um link de um site que vendia calçado desportivo de marca com um desconto de 35%.

“Encomendei e paguei um par, passaram duas semanas, e nada aconteceu”, conta. Tudo parecia estar a correr bem pois tinha recebido um email de confirmação da compra, mas ao responder para saber qual a previsão de envio dos ténis, não recebeu feedback. “Mandei mais dois emails em dias diferentes, já com pouca esperança de receber o que quer que fosse. Felizmente, comprei apenas um par.” A empresa de cartão de crédito disse-lhe que não havia forma de recuperar o dinheiro. Entretanto, o site desapareceu.

Sempre alerta
Portugal acompanha a tendência mundial das compras online. Segundo o “Estudo de Economia Digital em Portugal”, desenvolvido pela Associação da Economia Digital em parceria com a consultora internacional de tecnologia IDC, “em 2017 foram registados 4,6 milhões de euros em valor de compras online feitas pelos portugueses”. O estudo revela ainda que “36% dos portugueses fizeram compras online no ano passado, um valor maior do que os 13% registados em 2009. A estimativa é que, em 2025, 59% dos portugueses realizem compras online”.

Para Tito de Morais, fundador do projeto MiudosSegurosNa.Net, apesar de ser seguro, todo o cuidado é pouco para fazer compras online. “Produtos farmacêuticos, produtos contrafeitos e produtos resultantes de furtos são o tipo de compras online a evitar a todo o custo, além de outros manifestamente ilegais”, enumera. Por outro lado, há que desconfiar de promoções com preços fantásticos, e evitar seguir links com mensagens para campanhas promocionais mirabolantes.

“Se forem tidos determinados cuidados, as compras online são tão ou mais seguras do que as presenciais, onde existem também riscos, como a duplicação de cartões de pagamento”, defende João Barreto Fernandes, vice-presidente de marketing estratégico da S21sec, empresa especializada em cibersegurança. Há que ter a certeza que está a realizar transações em sites de confiança.

É que, afirma o responsável, “as páginas web fraudulentas têm aumentando ao mesmo ritmo que o fluxo de compras”. Alerta ainda para as aplicações que as pessoas descarregam no seu smartphone, tão importantes na decisão de compra atualmente. “O download é a forma mais fácil de um malware entrar num dispositivo móvel, comprometendo a segurança e confiança desejadas. Para tal, deve apenas instalar aplicações disponíveis nas App Stores oficiais”, assinala.

“O download é a forma mais fácil de um malware entrar num dispositivo móvel, comprometendo a segurança e confiança desejadas. Para tal, deve apenas instalar aplicações disponíveis nas App Stores oficiais” (João Fernandes, S21sec)

Estes cuidados devem ser tidos em consideração todo o ano e não apenas na época natalícia, ainda que se registe “uma intensificação da atividade dos criminosos [neste período], visto que os consumidores estão igualmente mais ativos”, realça o representante da S21sec.

Uma vez que também aumenta por estes dias a quantidade de emails promocionais, muitas das ofertas são “um isco lançado por atacantes, que simulam um mailing de uma marca conhecida que nos reencaminha para sites ilegais [conhecidos por “phishing sites”], infetando-nos com malware ou solicitando os dados do cartão bancário do destinatário para proveito próprio”. Se desconhecer o remetente, não clique diretamente no URL presente num email sem estar seguro da sua legitimidade, seja qual for a oferta apresentada.

Atenção ao acesso dado aos menores
Por vezes, as surpresas não se cingem aos adultos. Com a massificação da tecnologia e o acesso dado aos menores por parte dos pais ou outros familiares, há que ter cuidado redobrado para não ter surpresas na hora de pagar a fatura do seu cartão de crédito.

Tito de Morais alerta para que o mesmo esteja fora do alcance dos filhos. “Recomendo que todos os dispositivos em que os pais tenham introduzido os dados do cartão de crédito estejam protegidos com palavra-passe para evitar compras acidentais ou não autorizadas. As passwords não devem ser partilhadas nem do conhecimento dos menores”, sublinha.

O conselho é extensível ao acesso que os pais ou familiares dão aos seus dispositivos sem supervisão de um adulto. João Fernandes lembra que “este tipo de público é facilmente atraído a descarregar aplicações não seguras e a clicar em links não apropriados”.

Recomenda-se ainda a ativação da dupla autenticação em todas as plataformas em que tal funcionalidade esteja disponível. “Pode-se verificar em twofactorauth.org se um determinado site disponibiliza esta funcionalidade e informação sobre como a ativar”, remata Tito de Morais.

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