Texto de Filomena Abreu
“Noutros tempos é que era.” Saía-se de casa de manhã e para o passeio levava-se, obrigatoriamente, o farnel. Comia-se na praia, à sombra de uma árvore, num parque ou num pinhal. Só que esta também pode ser uma prática dos dias de hoje. A tendência ganha força entre as ondas do revivalismo em curso. Por isso, pegue na toalha xadrez que quase nunca usa; na cesta de vime, que está há muito arrumada; e aproveite para partilhar bons momentos, em família ou com os amigos, à mesa da natureza, num bonito dia de sol.
O costume de comer ao ar livre sempre existiu, principalmente na vida de pastores, caçadores e viajantes. E esteve também muito presente nas antigas civilizações grega e romana. Porém, o hábito só se aburguesou, séculos mais tarde, com os franceses, que o cunharam com o nome de “pique-nique”.
O apogeu da prática dá-se na abertura ao público dos grandes parques reais no rescaldo da revolução francesa. O piquenique passa a ser comum entre os parisienses, “et voilà” a moda pegou e espalhou-se com força pela Europa.
Depois, atravessou épocas sem nunca cair totalmente em desuso. Eternizado na história pelas pinturas de Cezánne e Monet, por exemplo, que provavelmente também eram adeptos de piquenicar. Agora ganha novo fôlego no retomar de práticas simples do antigamente que fazem crer que se recupera qualidade de vida.
A dois, a quatro, a seis ou com quantos queira o importante é desfrutar de um tempo diferente. Para isso, saiba que as tradicionais cestas ainda se vendem, com ou sem acessórios incluídos. E até há lojas online especializadas no assunto, como é o caso da Anita PicNic. As toalhas temáticas também não são difíceis de encontrar.
Para pesar menos e ser ainda mais prático pode optar por utensílios de plástico que se vendem em vários sítios a preços razoáveis. E o bom da evolução é o facto de termos hoje à disposição uma maior variedade de acessórios, como malas térmicas que ajudam a conservar os alimentos em dias de muito calor. Ainda assim, cuidado com os alimentos perecíveis. Um piquenique, como a própria palavra indica, é um momento de partilha, em que pelo meio, se “picam” alimentos caseiros e leves, como bolinhos de bacalhau ou panados. E se saboreiam bebidas frescas, dos sumos naturais ao vinho.
E, se porventura quiser fazer um piquenique mas não tiver paciência para tratar da comida e de todos os preparativos, saiba que há quem o faça por si. A Piquenique, no Porto, e The Lisbon Butler, na capital, são verdadeiros mordomos na arte do bem servir. Basta escolher o menu e combinar a hora e o local de entrega das cestas.
Por fim, o sítio. Ele poderá ser a chave para ter uma tarde ou dia agradável. Não se esqueça de escolher um adequado. Felizmente, não faltam jardins e parques, com sombra, de Norte a Sul do país. E bom piquenique.