Texto de Sara Dias Oliveira
A barriga cresce, o bebé precisa de alimentos, a mãe tem de estar atenta às necessidades nutricionais em cada etapa da gravidez. A alimentação é sempre um momento importante em qualquer altura da vida, mas na gravidez merece uma atenção especial. Várias refeições ao dia, pelo menos cinco, e muita água.
Ao longo da gravidez, as recomendações alimentares variam de acordo com o aumento das necessidades nutricionais e calóricas e seguem a nova roda dos alimentos. “Esta é uma altura em que as necessidades energéticas e nutricionais aumentam para proteger o crescimento do bebé. Tal não significa que se deva ‘comer por dois’, mas sim adotar um regime alimentar saudável e variado, tendo em conta algumas regras que ajudam a garantir a saúde da mãe e do seu bebé”, refere Dina Velez, farmacêutica da Farmácia Madragoa.
Uma alimentação correta contribui para uma gravidez saudável, um parto mais fácil, uma melhor recuperação depois do nascimento
No primeiro trimestre, recomenda-se a ingestão diária do equivalente a duas ou três chávenas de legumes e hortaliças, três peças de fruta e três porções de laticínios e seus derivados. No segundo e terceiro trimestres, as necessidades proteicas e calóricas aumentam consideravelmente. A farmacêutica Sandra Santos, da mesma farmácia, aconselha o reforço na “ingestão de alimentos ricos em proteínas e hidratos de carbono – cereais, preferencialmente integrais, e derivados, leguminosas, carne, peixe e ovos, respeitando o máximo de dois a três ovos por semana.”
Além disso, é fundamental a ingestão de alimentos ricos em ómega 3 e 6, importantes no desenvolvimento do cérebro e da visão, que estão presentes no azeite e no peixe gordo. O que evitar à mesa? Os alimentos do costume: carnes vermelhas, gordura animal, fritos, produtos refinados e com alto teor de açúcar e sal.
E tão importante como o conteúdo nutricional dos alimentos é a sua preparação. Tudo porque existem alguns parasitas e bactérias que podem ser ingeridos pela mãe e transmitidos ao bebé. Por isso, evite-se o consumo de laticínios não pasteurizados e de carne e peixe crus ou mal cozinhados. Legumes e frutas consumidos crus devem ser muito bem lavados e os alimentos crus devem estar sempre separados dos alimentos cozinhados.
Carnes vermelhas, gordura animal, fritos, produtos com alto teor de açúcar e sal são de evitar
Dietas vegetarianas e veganas, probióticos e prebióticos. Há várias opções à mesa. Os alimentos probióticos e prebióticos melhoram a flora intestinal da mãe e do bebé, o que se traduz numa melhor redução do peso depois do parto da mãe e num menor risco de doenças intestinais no bebé. “As dietas vegetarianas são seguras desde que as refeições sejam bem planeadas, de forma a garantir o fornecimento de todos os nutrientes e calorias necessários”, adianta Sandra Santos.
Há ainda os nutrientes essenciais na gravidez. Começando pelo ácido fólico que está presente nos vegetais verdes, na laranja, no ovo, nos produtos lácteos fermentados e nos cereais e feijão. É um nutriente essencial na formação do sistema nervoso do bebé. Há também o ferro que é fundamental no desenvolvimento do sistema nervoso e na formação dos glóbulos vermelhos, tanto da mãe como do bebé, para garantir o transporte de oxigénio. Este nutriente está presente em grandes quantidades nas carnes vermelhas e nos vegetais de folhas verdes escuras.
Ácido fólico, ferro e iodo são nutrientes essenciais nesta fase da vida da mulher e do bebé
O iodo não pode ser esquecido, deve haver um reforço nas refeições, para garantir o bom funcionamento da tiroide da mãe e o desenvolvimento cerebral do bebé. “Este nutriente está presente essencialmente no peixe e crustáceos. Embora estes nutrientes estejam presentes nos alimentos referidos, a dieta não é suficiente para suprir as necessidades e, por isso, é recomendada a suplementação. Para além destes, é importante incluir na alimentação fontes de magnésio, cálcio, vitamina D e zinco”, adianta Catarina Silva, também farmácia Madragoa.
A par destas coisas da alimentação, também o peso da grávida é importante. Tanto o excesso de peso como um peso reduzido podem trazer complicações. O aumento de peso durante a gravidez é normal mas deve ser controlado. O ganho na balança deverá ficar num intervalo entre 11,5 e 16 quilos.