“Claro que foi um atentado, não ouviu as explosões?!”

Notícias Magazine

Hoje, temos, em exclusivo, nas entrevistas que nunca fiz, Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. A primeira pergunta que lhe queria fazer é: acha que aquilo que aconteceu na cerimónia de celebração do 81.º aniversário da Guarda Nacional Bolivariana foi mesmo um atentado com drones?
Claro que foi! Qual é a dúvida?! Não ouviu as explosões?!

Sim. Mas estava aqui a pensar. O senhor conhece o trabalho do artista português Vhils?
Não. Eu não quero nada com Portugal desde que o governo português sabotou a importação de pernil de porco.

Ilustração: Marco Mendes

Pois. Mas eu lembro-me que, aqui há uns tempos, o senhor disse que tinha visto o rosto do falecido presidente Chávez na parede de uma obra no Metro, e o nosso Vhils é especialista em fazer explodir paredes que depois dão origem a caras de pessoas. Podia ter sido uma homenagem ao falecido…
Não venha cá com teorias estapafúrdias. Foi mesmo um atentado com drones.

Acho mais estapafúrdio olhar para uma mancha redonda numa parede de uma obra e interpretar aquilo como a cara do Chávez. Na altura, a mim, aquela mancha pareceu-me uma lontra com um choque anafilático. Ou um peixe balão vestido de almirante. Tenho a teoria que o senhor Presidente Maduro é um bocado como era a polícia inglesa com a Maddie: vê o Chávez em todo o lado.
Isso não é verdade!

Desculpe lá, mas relembro que, mais tarde, também disse que viu o Chávez transmutado em passarinho…
E é verdade… Infelizmente, o pássaro morreu, coitado. Não aguentou o peso da próstata, não conseguia voar e foi comido por um gato.

Lamento. Mas custa-me um bocado a acreditar nessas suas visões e aparições, etc. Acho que isso dos drones foi invenção sua.
Eu não invento nada!

Ai, não. Se bem me lembro até inventou aquela coisa do Vice-Ministério para a Suprema Felicidade Social do Povo. Nunca mais ouvi falar nisso. Como é que isso está a correr?
Infelizmente, tive de desistir da ideia. O Vice-Ministério para a Suprema Felicidade tinha filas à porta, maiores do que nos supermercados, e levavam horas para atender os venezuelanos. Uma pessoa desesperava para ser feliz. Um dia fui lá tirar uma licença para poder rir, quando mando abater alguém da oposição, e estava tanta gente, que visto de cima formavam a cara do Chávez.