Cientistas espanhóis mais perto da cura para a diabetes tipo 1

Texto de Alexandra Pedro | Fotografia ShutterStock

O primeiro medicamento para reverter os sintomas da diabetes tipo 1 pode ter sido descoberto por uma equipa de cientistas liderada pelos investigadores do Centro Andaluz de Biologia Molecular e Medicina Regenerativa (Cabimer), em Sevilha.

De acordo com o El País, foram necessários vários anos para desenvolver a molécula ou recetor molecular que é capaz de regenerar as células produtoras de insulina. Os resultados foram comprovados em ratos e em culturas de células humanas.

«Se realmente forem capazes de transferir isto para os humanos, pode ser uma solução não só na prevenção como também no tratamento. Isto abre uma porta para a cura dos diabetes tipo 1», afirmou Ramon Gomis, professor emérito da Universidade de Barcelona.

Desenvolver um medicamento do laboratório até ao paciente custa cerca de 20 milhões de euros

Recorde-se que a diabetes tipo 1 é uma condição autoimune que destrói células responsáveis pela produção, armazenamento e secreção da insulina. É neste sentido, que Bernat Soria, do Departamento de Regeneração e Terapias Avançadas, avisa: «para curar a diabetes há que fazer duas coisas: fabricar células que substituam as que não funcionam e detetar a causa».

Os testes laboratoriais foram encorajadores, tendo sido publicados já pela Nature Communications, sendo que é necessário agora esperar alguns anos pelo fármaco que cure a doença e ter disponíveis alguns milhões de euros.

Segundo o referido jornal espanhol, a investigação recebeu financiamento público espanhol, bem como apoios de associações como a Juvenile Diabetes Research Foundation, de Nova Iorque, nos EUA, e da DiabetesCERO, de Espanha.

«Desenvolver um medicamento do laboratório até ao paciente custa cerca de 20 milhões de euros. Já gastámos três milhões. Se me der 17 milhões de euros amanhã, daqui a alguns anos, se tudo correr bem, já estará no mercado», esclareceu Benoit Gauthier, principal investigador do Cabimer.

Depois de ter patenteado a fórmula, a equipa de investigação está atualmente a definir a composição do medicamento laboratorial, tentando perceber os limites da toxicidade e de eficácia. Estão ainda a avaliar se será em forma de injeção ou comprimido.

Cerca de 63% das pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 1 e 49% das pessoas com diabetes tipo 2 sentem um impacto negativo na saúde física devido à sua doença

No entanto, os cientistas assumem que estão a procurar algo mais ambicioso: encontrar a cura para a diabetes tipo 1 e não apenas um tratamento. «As empresas farmacêuticas preferiam que os pacientes tivessem que tomar uma pílula o resto da vida, mas o meu desejo é que consigamos reeducar o sistema imunológico», afirmou ainda Gauthier.

Pessoas com diabetes sofrem um impacto negativo na sua saúde física e bem-estar emocional

Um estudo feito recentemente pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), com o apoio da Novo Nordisk, indica que os diabetes têm um impacto negativo na sua saúde física e bem-estar emocional.

«Cerca de 63% das pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 1 e 49% das pessoas com diabetes tipo 2 sentem um impacto negativo na saúde física devido à sua doença. O bem-estar emocional é apontado como a segunda maior causa, com 56% e 42%, respetivamente», pode ler-se no site da associação.

O mesmo estudo – que contou com a participação de 540 pessoas, entre elas com diabetes tipo 1 e 2, familiares e cuidadores – indica ainda que 6 em cada 10 pessoas com diabetes diz estar preocupada «com o seu futuro» e com a possibilidade de «ocorrerem complicações sérias».

Em relação à qualidade de vida, os portugueses apresentam uma percentagem «bastante positiva», considerando que «têm uma boa ou muito boa qualidade de vida (68%), valores muito próximos de países como a Dinamarca (61%) e melhores do que Espanha (51%)».