Casamentos perfeitos entre Homem e Natureza

Texto de Pedro Emanuel Santos

Não é preciso correr mundo para descobrir boa obra humana que permite conhecer mais de perto boas obras naturais. Pode até encontrá-las a dois passos de casa, de Norte a Sul de Portugal, ilhas incluídas. Dos cada vez mais conhecidos passadiços do Paiva, em Arouca, aos caminhos que dão a conhecer de perto os riquíssimos recantos dos Açores. Dos percursos que permitem usufruir da orla marítima do Alvor, no Algarve, às paisagens únicas que entram pelo verde profundo do Minho, em Arcos de Valdevez.

Passadiços de Sistelo
Ainda no Minho, no concelho de Arcos de Valdevez, a aldeia de Sistelo é candidata a Património Mundial da UNESCO. Há quem a apelide de Tibete português e uma das atrações é o trilho que a atravessa, que tem chamado a atenção de cada vez mais curiosos devido às maravilhas da natureza que permite contemplar. São dez quilómetros que unem a localidade à vizinha Vilela através das margens do rio Vez. Sempre com uma paisagem única como companheira permanente. E gratuito.

Pontes suspensas de Lanhoso
Esta é só para aventureiros com fôlego reforçado. Próximo do Parque Natural Peneda-Gerês, são 38 pontes suspensas situadas no Parque Aventura DiverLanhoso , que até podem ser percorridas durante a noite. As pontes têm múltiplas formas e feitios, graus de dificuldade diversos e prometem 45 minutos vertiginosos. O custo por pessoa é de 18,80 euros.

Passadiços do Paiva
São oito quilómetros de percurso através de paisagem de cortar a respiração. Pertíssimo de Arouca, distrito de Aveiro, é um cruzamento de troços de terra batida com escadarias e outros apetrechos naturais, permitindo duas horas e meia de caminho entre Espiunca e o Areinho, as praias fluviais que os passadiços unem por entre as gargantas do Paiva. O custo de acesso é de apenas 1 euro, sendo necessária reserva antecipada.

Passadiços da Foz do Arelho
Serpenteando por entre as areias da Foz do Arelho, concelho das Caldas da Rainha, ao longo de arribas e dunas, há um trajeto de quase um quilómetro. E com vários miradouros pelo meio, para poder parar e observar as águas do Atlântico. Em dias em que a visibilidade dá uma ajuda, é até possível avistar as ilhas das Berlengas. Estes passadiços são um projeto de arquitetura que vem sendo objeto de estudo por especialistas na área em todo o mundo.

Passadiços de Alvor

Seis quilómetros a ligar a praia dos Três Amores à ria de Alvor, nas proximidades de Portimão, e que fazem deste caminho pedonal o maior do género no Algarve. Acessível desde o ano passado, tem diversos pontos de entrada ao longo do vasto areal. Foi concebido para proteger as ameaçadas dunas locais que, assim, ganharam vida extra. Uma forma privilegiada de contemplar algumas das mais belas praias da região.

Trilhos dos Açores

Em todas as nove ilhas dos Açores podem ser encontrados caminhos pedestres que oferecem uma visão única da Natureza do arquipélago. Muitos deles tiveram intervenção direta do Homem, através da elaboração de trilhos que romperam vias naturais e facilitaram acessos a locais antes impossíveis de alcançar. Há os mais longos, que podem chegar aos 80 quilómetros, e os mais simples de percorrer, com cerca de cinco mil metros. Todos eles fazem parte de um sistema em rede devidamente classificado e certificado pelo Governo Regional dos Açores.

Levadas e veredas da Madeira
Para que se abrissem ao conhecimento os segredos da variedade da flora madeirense foi necessária intervenção humana que facilitasse acessos e respeitasse a originalidade primária da paisagem. As levadas e veredas madeirenses são bom exemplo de como é possível realizar percursos com o máximo de usufruto e o mínimo de estragos. Caminhadas que podem chegar aos 15 quilómetros e que alternam terra batida com trilhos, escadarias e corrimões, de forma a ajudar a não perder contacto próximo com este tesouro da Madeira.