O ano em que o Carnaval em Ovar quase não aconteceu

Na década de 1960, as ruas de Ovar já enchiam para o tão esperado cortejo de Carnaval. 66 anos depois, este continua a ser uma referência nas celebrações carnavalescas do país.

A segunda‑feira amanheceu nublada mas nem a possibilidade de chuva impedia os vareiros de sair à rua para viver a folia do Carnaval. A ansiedade era muita, os carros alegóricos estavam preparados e perdia‑se a conta às centenas de pessoas que se deslocaram para assistir ao desfile em Ovar.

O Jornal de Notícias não poupava elogios à festa. «Este é um dos mais expressivos testemunhos do espírito e do engenho de boa gente em Portugal», podia ler‑se na primeira página do diário a 1 de março de 1965.

Ainda que haja registos de festas de máscaras na cidade desde 1887, o primeiro Carnaval organizado surgiu em 1952, e é hoje, 66 anos depois, uma referência nos festejos carnavalescos no país. Em 2017, chegaram a desfilar dois mil foliões perante uma plateia curiosa e animada e a festa dura de domingo a terça.

Não faltou imaginação nos ornamentos. Entre os carros mais aplaudidos estiveram a «Tourada mexicana», as «Chinezinhas», «Gôndola e Canais de Veneza» ou a «Fantasia Japonesa»

Naquele ano de 1965, a partida foi dada por volta das 15h00, debaixo de uma «chuva miudinha» que rapidamente se transformou em tromba-d’água. Desânimo geral. Ainda assim, os carros alegóricos e os mascarados desfilaram perante um júri que escolheu os melhores.

Não faltou imaginação nos ornamentos. Entre os carros mais aplaudidos estiveram a «Tourada mexicana», as «Chinezinhas», «Gôndola e Canais de Veneza» ou a «Fantasia Japonesa». Ironicamente, a alegoria que conquistou o primeiro lugar do júri foi a dos «Deuses do Bom Tempo». «Ou será mau tempo?», questionava o JN. Nos anos seguintes, já se marchou debaixo de sol, mas a memória do Carnaval molhado de 1965 prolongou‑se no tempo.