“Bamos lá cambada”: os grandes hinos de apoio à Seleção

Pedro Granadeiro / Global Imagens

de Mariana Albuquerque

Está tudo a postos: os amigos mobilizados e os cachecóis prontos a saltarem dos ombros para as mãos ao ritmo dos golos. Este sábado, às 19 horas, a Seleção portuguesa vai voltar a Sochi, ao Olímpico Fisht, na Rússia, para disputar, com o Uruguai, o passaporte para os quartos-de-final do Mundial 2018.

Este primeiro encontro do “mata-mata” não será fácil. A equipa orientada por Óscar Tabarez já provou ser um osso duro de roer. Com um ataque demolidor, o conjunto uruguaio venceu duas vezes a competição de futebol mais importante do mundo, em 1930 e 1950, e não está para tréguas.

Mas os portugueses também não. As vozes estão afinadas para cantarem em uníssono as várias músicas de apoio à Seleção Nacional. Resta saber qual delas escolher. É que, apesar de a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) ter desafiado o canadiano de origem portuguesa Shawn Mendes a criar o tema oficial de apoio a Portugal neste Mundial, a verdade é que outros artistas decidiram mostrar igualmente o amor à camisola lusitana.

Assim, se o artista de 19 anos convida o país a “acreditar que vamos conseguir, que vamos conquistar”, Luciana Abreu, por exemplo, lança um apelo mais enérgico, numa letra cantada em inglês, espanhol e português. “Pula pula” é o nome do hino criado pela atriz e cantora, que quer ver os adeptos de “corações ao alto e samba no pé”.

Se se recuar algumas décadas, é possível recordar e até cantarolar versos de diversos temas de apoio a Portugal. Entre grandes sucessos e canções praticamente desconhecidas, há quase um álbum que fica para a História.

1. José Estebes – “Bamos lá cambada”

“Tragam as gaitas, as bandeiras e a pomada / Vamos dar-lhes uma abada / Ensinar-lhes o que é bom / Vamos mostrar a esses escarafunchosos / Em momentos gloriosos / Quem é a nossa Seleção.” Ainda se lembra destes versos? Compostos por Carlos Paião e interpretados por Herman José (na pele da personagem José Estebes, que o humorista criou no programa “O Tal Canal”), deram origem a “Bamos lá cambada”, a mais popular canção de apoio à Seleção Nacional, lançada para o Mundial do México de 1986.

E adivinhe lá: qual foi o hino cantado, recentemente, por vários artistas, no Jornal de Notícias, para inspirar Cristiano Ronaldo e companhia neste campeonato do mundo? A obra de José Estebes. A fadista Cuca Roseta, o cantor e compositor Paulo Sousa e as inconfundíveis “Vozes da Rádio” vestiram a camisola e enviaram uma mensagem de força ao conjunto das quinas.

2. José Reza – “A nossa Seleção”

Dez anos depois, no Euro 96, disputado em Inglaterra, José Reza criou outro tema que ainda hoje entoa nas memórias mais despertas. “No campo vamos lutar / Pela fama, pela glória / Jogo a jogo sem parar / A chegar sempre à vitória” é o mote do hino “A nossa seleção”.

3. Irmãos Catita – “É pra ganhar”

Ainda que, por altura do Mundial de 2002, os artistas portugueses tenham usado abundante criatividade em canções de apoio à Seleção (há 17 temas criados para esse efeito), o hino “É pra ganhar”, dos Irmãos Catita, ganhou algum relevo adicional devido ao lado humorístico, a fazer lembrar o “Bamos lá cambada”.

“Antes foram caravelas. Agora são as canelas. Antes foi o mar profundo. Agora é a taça do mundo. Antes, a fé no império. Agora, não há mistério. É ganhar ou rebentar”, escreveu a banda do músico e pintor Manuel João Vieira. As palavras de força não chegaram, contudo, aos relvados. Na prova desse ano, Portugal precisava apenas de um empate para seguir em frente no grupo, mas Figo, Fernando Couto e companhia acabariam por perder com a Coreia do Sul, num jogo em que João Pinto foi expulso e acabou por agredir o árbitro.

4. “Menos ais”

Mas voltemos à arte fora do campo. Se há canção que marcou o apoio à equipa das quinas foi “Menos ais”, no Europeu de 2004, em que Portugal foi anfitrião. É provável que esteja a recordar-se também da célebre “Como uma força” de Nelly Furtado, mas a verdade é que se tratava do tema oficial do torneio e não especificamente da Seleção Nacional.

5. “Dá-lhe Portugal”

O capitão pediu e o país não tardou a cumprir. A três meses do arranque do Euro 2012 – depois de um jogo com a Polónia – CR7 sublinhou a importância de a Seleção ser apoiada nos estádios com cânticos e hinos, tal como acontece nos clubes. A resposta chegou, em menos de 24 horas, através de um grupo de funcionários e amigos da agência de publicidade BBDO.

“Temos a luz que não se apaga / E a voz que ninguém vai calar / Temos no peito uma vontade / Que só nos faz querer ganhar / Dá-lhe dá-lhe Portugal! Dá-lhe dá-lhe Portugal! Dá-lhe dá-lhe dá-lhe dá-lhe Portugal!”

6. Kika – “Vai Portugal”

No Campeonato do Mundo de 2014, no Brasil, a Federação Portuguesa de Futebol escolheu a voz de Kika. Ainda se lembra da letra?

7. Vasco Palmeirim – “Agora é a nossa vez”

Entretanto, já Vasco Palmeirim fazia das suas. Tal como aconteceu noutras competições, também no Euro 2016 se multiplicaram as provas (musicais) de amor à Seleção. “Agora é a nossa vez”, tema original deste elemento da Rádio Comercial, foi uma das que se destacou, começando com o relato do radialista Pedro Ribeiro. “Se Portugal levantar o caneco vai dar-me um treco! Agora é a nossa vez!”, cantou.

Não foi o caso. Mas em ano de Mundial, o país continua a fazer figas. Será que vai ser agora? Pelo sim, pelo não, aqueça a voz.