As hipoglicemias também acontecem em não diabéticos

Texto Sara Dias Oliveira | Fotografia Shutterstock

Não é uma insuficiente ingestão de alimentos que provoca uma hipoglicemia numa pessoa saudável que, afinal, até pode estar dois dias sem comer sem que haja uma diminuição de glicose no sangue para valores inferiores ao normal. Isto porque há reservas de glicose nos rins, no fígado, nos músculos e nas gorduras que, a qualquer momento, podem entrar em ação se tudo estiver a funcionar como deve ser.

As hipoglicemias em não diabéticos também acontecem, mas em grupos específicos de pessoas. O endocrinologista Jorge Dores, do Hospital de Santo António, Porto, explica que esses casos podem verificar-se em indivíduos extremamente magros, em quem sofre de insuficiência renal ou hepática, em alcoólicos. Casos em que «não há conversão de proteínas e ácidos gordos em glicose.»

«Em não diabéticos, tem de haver uma razão forte que explique as hipoglicemias», refere o endocrinologista Jorge Dores.

Os diabéticos, em teoria, não têm hipoglicemias, o problema é outro, valores de glicose acima do normal. No entanto, elas acontecem devido à prescrição terapêutica que, por vezes, pode fazer baixar a glicose no sangue.

«A arte do endocrinologista é não deixar que os valores excedam os valores considerados normais, mas também não ser demasiado agressivo para que os valores baixem de mais», refere. O equilíbrio é fundamental. Só que as oscilações do dia-a-dia e os ritmos dos tempos modernos são hábeis em trocar as voltas ao funcionamento do corpo.

As insulinas modernas têm demonstrado ter um efeito estabilizador da glicemia, que reduz significativamente o risco de hipoglicemia, evitando complicações cardiovasculares.

Um recente ensaio clínico revela que as hipoglicemias e suas flutuações em pessoas com diabetes tipo 2 estão associadas a um risco acrescido de morte. O controlo glicémico, para assegurar que o açúcar no sangue se mantém em valores normais, e a redução de complicações, como problemas cardiovasculares, são cuidados importantes.

Há medicamentos que fazem baixar a glicose no sangue e há insulinas que têm o mesmo efeito. As insulinas modernas têm demonstrado ter um efeito estabilizador da glicemia, que reduz significativamente o risco de hipoglicemia, evitando complicações cardiovasculares. Jorge Dores considera que essas novas insulinas têm mais vantagens, nomeadamente por serem mais previsíveis no efeito e não terem picos de ação, mas uma ação plana, ou seja, não acentuada.