Articulações presas, ossos moídos, músculos tensos? As reumáticas podem atacar

Em Portugal, 56% da população adulta sofre de doenças reumáticas. Três em cada dez pessoas não sabem e apenas 22% estão diagnosticadas. Estes problemas de saúde, que condicionam a mobilidade, não são exclusivos dos mais velhos. Profissões de desgaste físico e historial familiar são fatores de risco.

Os ossos, as articulações, as cartilagens, os músculos, os tendões, os ligamentos. Nada escapa. As doenças reumáticas, e são várias, afetam diversas partes do corpo e mais de metade da população adulta portuguesa sofre com elas. A espondilartrite, por exemplo, está no grupo das doenças inflamatórias crónicas que têm em comum características clínicas e genéticas. O histórico familiar e as profissões que implicam maior esforço físico, e consequentemente maior desgaste nas articulações, são fatores de risco. O exercício físico é fundamental no tratamento.

A artrite reumatoide é uma doença reumática crónica, inflamatória e autoimune, caracterizada pela inflamação das articulações. “A dor articular é o sintoma mais comum. São por norma dores que afetam as pequenas articulações das mãos e dos pés, mais frequentes de manhã e em repouso, associadas a uma rigidez (‘prisão’) das articulações que dura mais de 30 minutos pela manhã. Estas dores são acompanhadas de ‘inchaço’ das articulações”, adianta à NM Cátia Duarte, reumatologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e assistente de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. O cansaço também pode ser um sintoma.

A doença progride e a dor, a destruição articular, e a perda de movimentos diminuem a capacidade funcional e comprometem a qualidade de vida

Esta artrite ataca sobretudo as mulheres, numa proporção duas a quatro vezes maior do que nos homens. “Esta maior prevalência tem sido atribuída ao papel que as hormonas sexuais têm na etiologia da doença. Nas mulheres, variações hormonais ao longo do tempo como a menarca, gravidez, amamentação e contraceção poderão contribuir para esta diferença”. “Mais recentemente, tem sido discutido que características genéticas diferentes entre ambos os sexos podem também justificar esta diferença”, revela a reumatologista.

A causa é desconhecida, a doença não tem cura, pode atacar em qualquer idade. E, na verdade, as doenças reumáticas são detetadas em gente cada vez mais jovem. Para Cátia Duarte, as alterações ambientais e de estilos de vida poderão explicar a situação. “Por outro lado, a maior sensibilização da população para esta doença, para os sintomas de alarme podem estar a contribuir para um diagnóstico mais precoce”, sublinha.

O tabagismo, o sedentarismo e o excesso de peso também causam doenças reumáticas, não apenas cardiovasculares

Dor progressiva, rigidez matinal de longa duração e tumefação das pequenas articulações das mãos e dos pés são alguns dos sintomas. Há vários tratamentos disponíveis para a artrite reumatoide. Medicação que modifica a evolução da doença. Medicamentos como os anti-inflamatórios, analgésicos e corticosteroides também são utilizados. “A fisioterapia deve integrar a abordagem do doente com artrite reumatoide, com um papel importante no alívio da dor e na melhoria funcional do doente”, refere a especialista.