“Apareço quando houver feiras de gado bovino”

Notícias Magazine

Esta semana o meu convidado das entrevistas que nunca fiz é nada menos nada menos que o Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva. Confesso que, do meu ponto de vista, a expressão correta para uma entrevista com o nosso ex-presidente é sessão de espiritismo.
Que idade é que o senhor tem?!

Eu? Tenho 54. Pareço mais velho porque cresci consigo como primeiro-ministro e Presidente da República.
Tem boa idade para ainda andar a fazer filhos em vez de estar aqui com estas entrevistas parvas!

Ilustração: Marco Mendes

Já tenho. E vou-lhe confessar, estava a tentar fazer mais um quando o senhor apareceu na televisão com o discurso que Portugal precisava de mais crianças. Não só cortou o ambiente como, depois do que o senhor disse do BES, eu tenho tendência a parar logo de apostar nos seus conselhos.
Eu só disse que o BES estava sólido…

Mas nessa altura já estava para lá de murcho. Assim é difícil ter em conta as suas opiniões em termos de relações sexuais. Atenção que, desta vez, eu concordo consigo: Portugal precisa de mais crianças.
Eu repito. Não é com autoestradas, não é com gimnodesportivos, não é com clubes de futebol, é sim dando força aos casais portugueses para que tragam para o nosso país mais, mais e mais crianças.

Concordo, em parte. Mas o senhor não imagina a quantidade de crianças que já foram feitas em gimnodesportivos e as que nasceram graças, por exemplo, à nossa vitória no Euro 2016. Em autoestradas é mais complicado mas, de certeza, e não falo por experiência própria, pelo menos já devem ter tentado.
Aqui entre nós, por acaso, eu, uma vez, quando fui fazer uma rodagem do carro, com a minha Maria, pensei nisso mas tive medo de chegar atrasado ao congresso.

Que pena. Podia ter sido tão bom para si como para todos nós. O Professor Doutor vai continuar a fazer estas aparições de vez em quando? Eu assustei-me quando, vindo do nada, o senhor reapareceu na televisão a falar da eutanásia. Até mandei exorcizar o meu LCD.
Vou continuar a aparecer sempre que sinta que Portugal está a enveredar por caminhos perigosos e quando houver feiras de gado bovino.

Ainda continua com aquele fascínio pelo sorriso das vacas?
Isso foi mal interpretado. Eu aprecio o sorriso das vacas mas para mim o mais importante sempre foi o silêncio das ovelhas.