Anos 1980 e 1990 inspiram calçado do outono-inverno

Texto de Sara Oliveira

A democracia na moda dá-se bem com o arrojo e a afirmação da personalidade, permitindo que linhas opostas coexistam sem constrangimento, como se poderá observar nos pés nesta estação. O outono dá os primeiros passos e partilha dicas com o inverno, numa temporada em que “as sneakers se mantêm como tendência”, garante o designer Hugo Costa. “A partir do momento em que se aceitou o seu uso em ambiente de trabalho, deu-se uma democratização e já não há qualquer tipo de constrangimento em assumir-se as sneakers como calçado em momentos descontraídos ou mais formais.”

O uso das sneakers (ou sapatilhas, em bom português) é global, a finalidade é que pode variar. Uns escolhem-nas para praticar desporto, outros para compor o visual mais cool, mas a verdade é que a maioria já cedeu à versatilidade que oferecem.

Mas, ressalva Hugo Costa, “talvez derivado da cultura dandy, o sapato clássico masculino começa a reaparecer, embora de forma ainda um pouco ligeira. O calçado nacional assiste a uma remontada desse objeto clássico”. E neste caso, “quanto mais puro for o modelo, melhor: um Oxford puro, o Derby, o próprio mocassim”.

A novidade é que também estão a surgir em versões femininas, com cores mais arriscadas e, claro, números mais pequenos, oferecendo maior conforto e uma nota de personalidade. “Tenho clientes a valorizar cada vez mais a construção. Há um pouco mais de espaço para colocar uma palmilha de conforto, apesar de ser um sapato clássico puro”, sublinha ainda o estilista de São João da Madeira.

E acrescenta: “A aposta na flexibilidade e em sistemas de montagem mais confortáveis é uma preocupação. O cliente, desde que começou a usar sneakers, gosta de meter o pé e andar até ao fim do dia. E, quando calça, tem que sentir logo esse conforto máximo, sem os dedos apertados. Hoje em dia ninguém faz frete só para ter um sapato bonito e até nas mulheres se nota isso.”

Ecos do passado
Foi pelos modelos básicos, como os Stan Smith, que “a cultura das sneakers cresceu”, mas, com “a entrada de marcas como a Balenciaga ou a Gucci nesse mercado, passou-se a reinventar modelos com clara influência dos anos 1980 e 90”, prossegue Hugo Costa. Recuando no tempo, realça que, “com a entrada da NBA na Europa, quanto mais ‘basquetebolers’ fossem, melhor”. Atualmente, a estética vai de novo nesse sentido”.

A influência de outras eras e o retorno a alguns conceitos de classicismo não se ficam por aqui. Os botins são outro bom exemplo, até porque, como sugere Hugo, “as ‘ankle boots’ são daquelas coisas mais acertadas que uma mulher pode comprar, independentemente do salto”, havendo propostas para todos os estilos e “made in Portugal”.

Carlos Santos – 420 euros

Carlos Santos – 420 euros

Friendly Fire – 169 euros

Friendly Fire – 199,90 euros

Miguel Vieira – 237,10 euros

Miguel Vieira – 237,60 euros

Luís Onofre – 325 euros

Fátima Lopes – 250 euros

Miguel Vieira – 347,90 euros

Luís Onofre – 423 euros

Fátima Lopes – 250 euros