Abel Nicolau, o engenheiro salvador

Abel gosta de cozinhar, nadar, passear e ler as placas dos monumentos. Depois do mestrado, quer continuar ligado à simulação. (Foto de Igor Martins/Global Imagens )

Texto de Sara Dias Oliveira

Não gosta de perder tempo e não tem paciência para complicações. “Detesto atritos, pessoas que criam problemas e não arranjam soluções. Gosto de perseguir problemas e tentar resolvê-los”, conta. Aos 20 anos, Abel Nicolau ficou fascinado com o que viu numa visita de estudo ao Centro de Simulação Biomédica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Estava no segundo ano do mestrado integrado em Bioengenharia da Faculdade de Engenharia do Porto e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. No dia seguinte, enviou um email para o centro a perguntar como poderia ajudar. “Gosto de mexer e não ficar quieto.”

A resposta não tardou e, algum tempo depois, estava numa equipa multidisciplinar a desenvolver um simulador de suporte básico de vida low cost. Tirou um curso de socorrismo para perceber melhor do assunto e o CPRPT (Cardiopulmonary Resuscitation Personal Trainer) viu a luz do dia. É o tema da sua tese de mestrado, que defenderá nesta terça-feira, dia 2, às 10 horas.

Abel Nicolau, 23 anos, nascido e criado em Vila Nova de Gaia, sublinha as virtudes do equipamento inovador. Permite treinar sem instrutor, dá feedback do que está bem ou mal, diz como atuar nas compressões e ventilações. “Gestos simples que salvam vidas.” O aparelho estará disponível no próximo ano e será mais barato “do que qualquer simulador do mercado”. A ideia é chegar a hospitais, centros clínicos, escolas, corporações de bombeiros. “É nosso dever ajudar quando podemos ajudar. Colmatar esta necessidade salva vidas e essa é a melhor marca que podemos deixar no mundo.”

No quarto ano da faculdade, ficou em segundo lugar no Nicolaas Westerhof, prémio internacional para os melhores jovens investigadores em modelação fisiológica. Criou equações que permitem analisar variações da tosse para detetar efeitos no sistema cardiovascular. “Para perceber o que pode acontecer.”

Abel é colaborador de investigação do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e dirigente associativo. Em 2017 fundou a Associação Nacional de Estudantes de Engenharia Biomédica (ANEEB), de que é presidente até 7 de julho. “Tínhamos pessoas, tínhamos vontade, criámos uma instituição nacional.” Nos tempos livres, fotografa casamentos, batizados e outros eventos. “Tenho tido a sorte de estar no sítio certo, no momento certo, com as pessoas certas. O trabalho dá trabalho mas a sorte ajuda”, refere.