A hora do ano em que há mais ataques cardíacos está a chegar

Texto de Filomena Abreu

Quando o relógio bate as 12 badaladas, na noite da passagem de ano, a fúria toma conta de nós. Saltam-se de cadeiras, partem-se pratos, pedem-se desejos enquanto se tentam engolir as 12 passas à pressa. Porém, apesar das fortes emoções dessa hora, o risco de sofrer um ataque cardíaco é maior… no dia 24 de dezembro, pelas 22 horas. Segundo os especialistas, esse é de facto o dia e o horário mais perigoso das festas, revelando-se ainda um dos mais mortais.

Para chegar a essa conclusão, os investigadores analisaram dados de 283 mil ataques cardíacos registados na Suécia entre os anos de 1998 e 2013, de maneira a conseguir identificar quais tinham sido as datas mais mortais. E assim chegaram à conclusão de que, a média, nos dias “normais” era de 50 ataques e que na véspera de Natal esse número subia para o 69, ou seja, um aumento de 37%. Mais: a maioria dos incidentes aconteceu por volta das 22 horas. A explicação parece prender-se com o facto de, nesse dia, as pessoas comerem e beberem demais.

No entanto, o horário e a data podem variar de país para país, uma vez que a tradição de celebrar o Natal não é uniforme. Por exemplo, em Portugal, tal como na Suécia, as famílias juntam-se para celebrar o Natal no dia 24 à noite, já no Reino Unido a data muda para 25, à mesma hora.

O risco de sofrer um ataque cardíaco também aumenta em 22% no dia 26 de dezembro, a data marcada em muitos países para celebrar o Boxing Day, que mais não é do que o ir às lojas trocar as prendas que se recebeu e das quais não se gosta.

O estudo mostrou ainda que um dos dias que menos riscos apresenta de enfarte é a véspera de Ano Novo, com menos de 20% de probabilidade. Todos nós sabemos que esta altura do ano nos deixa ansiosos e com os nervos em franja.

“A angústia emocional, com raiva, ansiedade, tristeza e stresse pode aumentar o risco de um ataque cardíaco. A ingestão excessiva de comida, álcool e viagens de longa distância podem piorar isso”, explicou David Erlinge, do Departamento de Cardiologia, Ciências Clínicas, da Universidade de Lund, na Suécia.