Steve McCurry leva ao Porto exposição de fotografia inédita

Texto de Sara Dias Oliveira

Steve McCurry, uma das vozes mais importantes da fotografia contemporânea, que fez capas em todo o mundo e ganhou a medalha de ouro Robert Capa pela coragem e resiliência, além de uns quatro inéditos primeiros prémios no World Press Photo, esteve na linha da frente dos acontecimentos que mudaram o mundo. Literalmente.

Documentou, antecipou, testemunhou, imortalizou memórias de outros tempos. Esta quarta-feira esteve no Porto na sua exposição que está, pela primeira vez, em Portugal. Antes esteve em Itália, onde foi vista por mais de um milhão de pessoas, e em Bruxelas, visitada por mais de 150 mil visitantes. Depois do Porto, parte para Espanha.

Antes de apresentação, uns breves minutos com a Notícias Magazine. O que deve ter uma boa fotografia? «Uma grande foto tem uma grande emoção. Seja amor, seja ódio». Seja o que for. Seja o que fotógrafo sentiu, seja o que observador sente. «As fotografias devem provocar alguma surpresa e têm histórias para contar».

Aos 67 anos, e depois de tanto mundo e imagens, o fotógrafo Steve McCurry continua a acreditar no futuro. «Temos de ser positivos, não podemos desistir».

Steve McCurry para na foto do bebé prematuro que fotografou na Índia em 2008. Nunca saberemos ao certo as emoções desse bebé. «Parece feliz, tem o bracito levantado, o estetoscópio no corpo, não sabemos se estará frio, não sabemos o que está a sentir, podemos imaginar muita coisa». É nessas histórias que as imagens permitem que reside parte da sua beleza. «As histórias dão sentido às fotos».

Aos 67 anos, e depois de tanto mundo, de tantas imagens, tantas imagens, o fotógrafo que estudou cinema na Universidade Estadual da Pensilvânia, antes de ir trabalhar para um jornal local, continua a acreditar no mundo em que vivemos. «Temos de ser positivos, não podemos desistir. Tenho uma filha…»

Fotografou o 11 de setembro. Saiu do seu escritório em Nova Iorque e foi para as ruas de coração agoniado captar as operações de resgate. Esteve no Japão no pós-tsunami de 2011 e fotografou, entre muitos cenários, a silhueta de um homem num espelho partido.

A exposição de Steve McCurry no Porto começa com uma seleção inédita de fotos a preto e branco, durante a sua missão no Afeganistão. Na cidade portuguesa, já fotografou a Estação de São Bento e provas do vinho do Porto.

Esteve no conflito no Afeganistão e mostrou-a além fronteiras. Captou a Guerra do Golfo e o ar negro das queimadas de petróleo. Registou o drama das crianças-soldado com metralhadoras ao peito. Esteve em cenários de guerra e de violência. Testemunhou transições culturais. Tirou milhares de retratos. E em 1984 fotografou Sharbat Gula, a menina afegã de olhos verdes que o mundo não esquece.

No Porto, diz, já fotografou a Estação de São Bento e provas do vinho do Porto. A exposição de Steve McCurry nesta cidade começa com uma seleção inédita de fotos a preto e branco, durante a sua missão no Afeganistão. Tinha uma faca, uma caneca de plástico e várias câmaras fotográficas. Encontrou um grupo de refugiados que o contrabandearam através da fronteira para o seu país, precisamente no momento em que a Invasão Russa fechava o território a todos os jornalistas ocidentais. Escondeu os rolos nas roupas, mostrou à polícia as máquinas vazias e a 3 de dezembro de 1979 fazia manchete no The New York Times.

Depois dessas imagens, a exposição segue para uma sala ampla. As fotografias estão suspensas, cada uma tem uma luz especial, e não há um percurso obrigatório. É como um labirinto em que o visitante faz o seu próprio trajeto como uma viagem íntima ao universo fotográfico de um nome maior da fotografia. Cada foto tem a sua própria legenda, mas com um mínimo de informações. Há um áudio-guia disponível em cinco línguas: português, inglês, francês, italiano e alemão. Em inglês, o narrador é o próprio fotógrafo.

The World of Steve McCurry
Alfândega do Porto
Até 31 de dezembro
De segunda a sexta-feira das 10h00 às 18h00
Sábados, domingos e feriados das 10h00 às 19h00
Adultos: 11 euros
Crianças dos 4 aos 12 anos: 7 euros

Seniores e estudante: 9 euros

Tel.: 960 256 386