Será que vamos esgotar o abecedário das tempestades?

Texto de Sara Dias Oliveira

Os nomes foram acordados em reuniões de um subgrupo do consórcio europeu de meteorologistas. Encontros presenciais, encontros via skype, foi assim que meteorologistas de Portugal, Espanha e França, decidiram criar uma lista com nomes para as tempestades efetivamente dignas de registo que afetem os três países.

Daí surgiu a lista com nomes que se usam nos três países, por ordem alfabética, intercalados por um nome feminino e outro masculino.

Ana, bruno, carmen, David, Emma, Felix, Gisele, Hugo, Irene, Jose, Katia, Leo, Marina, Nuno, Olivia, Pierre, Rosa, Samuel, Telma, Vasco e Wiam são os nomes da lista.

Não há uma explicação para a escolha dos nomes. Não houve critérios, resultou de conversas, aconteceu de forma arbitrária.

A ordem alfabética e o intercalar de nome feminino, nome masculino – como acontece nos restantes países que usam esta sistematização deste género de fenómenos – foram as únicas regras estabelecidas.

Ana, Bruno, Carmen, David, Emma, Felix, Gisele, Hugo, Irene, Jose, Katia, Leo, Marina, Nuno, Olivia, Pierre, Rosa, Samuel, Telma, Vasco e Wiam. São estes os nomes da lista.

Apenas as depressões fortes, que possam ganhar proporções que afetem pessoas e bens, e tenham efetivamente impacto, é que serão batizadas. O primeiro país, dos três, a ter de emitir um aviso laranja ou vermelho atribui o nome à tempestade, seguindo a lista já definida.

«Apenas em 2005, com o Katrina, se chegou ao fim do abecedário e foi necessário introduzir o abecedário grego», conta Nuno Moreira, meteorologista do IPMA.

Este é um projeto-piloto que começou a 1 de dezembro e que terminará dentro de um ano. Nesta altura, será feita uma avaliação e se o sistema for para continuar, a lista de nomes das tempestades muda, ou seja, haverá outros batismos.

Seja como for, os ciclones tropicais que venham do outro lado do Atlântico trazem já um nome definido numa lista aprovada pela Organização Meteorológica Mundial. Além disso, se as tempestades vierem do Norte, isto é, do Reino Unido e da Irlanda, também já trarão nomes consigo que constam de uma lista acordada entre os dois países no ano passado.

Depois da Ana, virá o Bruno. Ainda não se sabe é quando e como. Também não é previsível que Portugal e os dois países vizinhos usem todos os nomes da lista.

«Nem sempre a lista chega até ao fim. Apenas em 2005, com o Katrina, se chegou ao fim do abecedário e foi necessário introduzir o abecedário grego», disse Nuno Moreira, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), à NM.

Os nomes atribuem uma importância maior às tempestades e as populações ficam mais cientes dos riscos.

Nem todas as tempestades que deem à nossa costa serão, portanto, batizadas. «Só as depressões muito cavadas, com ventos muito fortes, com precipitação muito forte, e com impacto, é que terão nome», explica o responsável. Como aconteceu com a Ana, há poucos dias.

E isto de ter nomes não é por acaso. Além de colocar os países a falar a mesma língua, e na mesma tempestade, o que facilita as comunicações, causa outro impacto nas populações. «O facto de ter um nome dá-lhe obviamente uma importância maior», afirma Nuno Moreira. Por um lado, trata-se a tempestade pelo nome e, por outro, percebe-se melhor os riscos desse fenómeno.