Eles são pais de alta competição

Texto de Cláudia Pinto
Fotografia de Gonçalo Villaverde e Pedro Granadeiro/Global Imagens

São 21h00. Alguns pais de atletas de ginástica de trampolim do Grupo Sportivo de Carcavelos ajudam os filhos e o treinador a arrumar o material usado para mais um treino na escola secundária da localidade. E esta não é uma situação pouco comum.

Quando se tem um filho a praticar uma modalidade desportiva, os pais multiplicam-se em tarefas. Ana Paula Silva e Luís Carvalho, pais de Mariana Carvalho, habituaram-se a organizar a sua vida em função dos treinos diários da filha e das competições nacionais e internacionais. Tudo começou aos 10 anos da miúda, hoje com 19. «Começou por brincadeira, nunca nos passou pela cabeça que seria algo para continuar», explica a mãe.

Toda a vida familiar tem de ser ajustada quando um filho faz desporto, sobretudo a partir do momento em que se entra em competição.

Pouco tempo tardou até que o treinador, Hélder Andrade, percebesse o jeito para a modalidade e incentivasse Mariana a participar em competições. Aquilo que parecia ser uma mera atividade desportiva revelou-se coisa mais séria. «Inicialmente treinava três vezes por semana; passados dois anos, começou a fazê-lo diariamente», diz Ana Paula.

Seguiram-se viagens ao estrangeiro e alguns títulos para o currículo. Mariana foi vice campeã da Europa por equipas em duplo minitrampolim e terceiro lugar por equipas no Campeonato da Europa em trampolim. Mas também campeã do mundo de trampolim sincronizado no escalão 15-16 e, quatro vezes seguidas, campeã nacional de sincronizado, só para destacar algumas das suas vitórias mais importantes.

«Mudou tudo», afirmam os pais. É que toda a vida familiar tem de ser ajustada, sobretudo a partir do momento em que se entra em competição. Os pais confessam que não gostam de assistir aos treinos, e Mariana agradece. «Sofro imenso com isto, com as quedas que ela pode dar. Isto não é um mar de rosas. Um dia corre bem, dez dias correm menos bem», desabafa Luís.

Para trás ficam na memória as primeiras imagens da filha quando começou. «Era pequenina e praticava em duplo minitrampolim, corria e olhava com aquele ar sorridente. A partir do momento em que começou a ganhar competições, o sorriso desapareceu», diz o pai.

O retorno para os pais? É ver os filhos felizes. «gostaríamos que um dia a mariana olhasse para trás e pensasse no que ganhou: os amigos, o convívio, as alegrias e as tristezas, as vitórias e as derrotas. Faz parte. Na vida também é assim».

Prevalece o foco e a concentração de quem também já representa a seleção nacional na modalidade. E apesar dos títulos e do caráter profissional da modalidade, os pais têm de suportar as despesas das deslocações para as provas (à exceção de quando Mariana representa a seleção em campeonatos europeus ou mundiais).

Mas esta fase é recente. Até aqui, foram os pais a assumir todos os encargos. «Do ponto de vista financeiro, isto não é para todos. Até chegarem a seniores é tudo suportado pelos pais: as inscrições, o equipamento, a estada, a alimentação, etc.», assinala Ana Paula. É frequente organizarem iniciativas e venderem rifas para ajudar nas despesas, mas não chega.

Mariana tem sido sempre boa aluna e acabou de entrar na faculdade para estudar Fisioterapia. «É uma menina muito madura, sempre foi boa aluna e sabe que a exigência é grande. Tem de conciliar o tempo do estudo, dos treinos e do divertimento», explica Luís.

E, afinal, qual é o retorno deste apoio para os pais? «É vê-la feliz», asseguram. No dia em que a Mariana quiser deixar a modalidade, terá o apoio deles. «A decisão será sempre dela. Daqui a uns anos, gostaríamos que olhasse para trás e pensasse no que ganhou com isto: as alegrias mas também as tristezas, os amigos, o convívio, o desporto… Ela sabe que às vezes ganha, às vezes perde. Faz parte. Na vida também é assim», reforça Luís.

«Sem os meus pais nada disto seria possível. Não tenho dúvida de que há ginastas com enormes capacidades, mas que não conseguem evoluir por falta deste apoio.»

Mariana reconhece o esforço dos pais. «Sem eles nada disto seria possível. Não tenho dúvida alguma de que existem ginastas com enormes capacidades, mas que não conseguem evoluir nem mostrar o seu valor por falta deste apoio.»

O treinador de Mariana, Hélder Andrade, acrescenta: «Por vezes, o treinador quer atingir objetivos próprios que podem ser idênticos aos do ginasta, mas o pai e a mãe podem não estar interessados nesse caminho árduo. Hoje, poucos estão. Tem de haver um trabalho de equipa que envolve os pais, os atletas e o treinador.»

Apoiar sem pressionar

Sofia Montes, de 16 anos, decidiu deixar a ginástica artística depois de sete anos de prática, com treinos diários de três horas e a competição em provas nacionais. Há cerca de ano e meio, escolheu uma nova modalidade e inscreveu-se na patinagem.

A mãe, São Prates, levou-a a um treino na Associação Académica de Patinagem de Portugal RollerSky, na Reboleira (Amadora), para experimentar. Gostou e ficou. A carga horária hoje é menor e são menores as correrias da escola para os treinos, que acontecem três vezes por semana durante hora e meia.

Três vezes por semana, São Prates leva as filhas Marta e Sofia Montes aos treinos de patinagem. [Fotografia de Gonçalo Villaverde/Global Imagens]

Sofia incentivou a irmã, Marta, de 12 anos, e ambas têm treinos conjuntos, embora estejam em níveis distintos. «Lá em casa, temos algumas regras: a primeira é aprenderem a nadar. Só depois é que podem escolher uma modalidade», diz a mãe, São. Foi assim com as duas filhas, mas também com o filho mais velho, Tiago, de 19 anos.

Apoiar os filhos sem os pressionar para serem campeões ou exigir demasiado deles é um desafio para muitos pais.

É caso para dizer que filhos de «nadadora sabem nadar». É que São praticou natação pelo Sport Algés e Dafundo, dos 5 aos 13 anos. Depois, dedicou-se à ginástica acrobática, tendo sido duas vezes campeã nacional, em pares femininos, pela Associação dos Amigos da Damaia.

Os tempos eram outros e completamente distintos. «Quando ia com a minha mãe, apanhava o autocarro, o 50, e ela ficava a fazer croché enquanto eu treinava. Treinava todos os dias, de manhã e de tarde, as pistas eram descobertas e acontecia treinarmos à chuva. Não tem comparação.»

Hoje, é ela ou o marido, Paulo Montes, que levam ou vão buscar as filhas aos treinos, não ficando a assistir. São aproveita para ir tratando do jantar ou para fazer compras enquanto as filhas treinam. Sofia e Marta estão atualmente a fazer algumas provas de passagem de níveis que lhes garantirão, mais tarde, a entrada em competições em várias zonas do país. A mãe acompanha-as sempre.

O psicólogo do desporto Pedro Almeida estuda há vários anos o papel dos pais nas escolhas desportivas dos filhos e diz: «Os pais são muitas vezes os alicerces principais e o principal suporte dos miúdos.»

Também nesta modalidade há investimento dos pais: «Pagámos os patins de cada uma das filhas, que custaram aproximadamente 250 euros, e são dos mais baratos no mercado; os maiôs, as mensalidades e as provas», explica São. O apoio é incondicional, desde que as filhas estejam bem. «Prefiro vê-las bem, felizes e a treinar três vezes por semana do que a ganhar medalhas e a sentirem-se frustradas. Na competição, ouvem-se muitos gritos, há obstáculos pelo caminho e muito choro», assegura.

Pedro Almeida é psicólogo do desporto e professor do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) e estuda há vários anos o papel dos pais nas escolhas desportivas dos filhos. «Os pais são muitas vezes os alicerces principais e o principal suporte dos miúdos. Eu diria que atualmente são muito menos os pais que são um fator de pressão do que os que constituem um bom suporte», explica.

Maratonas para acompanhar os miúdos

A cultura do desporto acaba por passar de geração em geração. Assim foi com a família Montes, mas também com a Figueiredo, do Porto. Rui Figueiredo praticou futebol e remo e Maria João Matos praticou ballet muitos anos. «Atualmente, corro atrás dos meus filhos», explica Maria João.

É que estes pais já têm quatro descendentes: a Matilde, com 12 anos; o Rodrigo, com 9; o Pedro, com 7, e o Gonçalo, com 4. Os três mais velhos praticam râguebi no Sport Club do Porto. Também passaram pela natação porque os pais consideram fundamental estarem na água em segurança.

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A Matilde, 12, o Rodrigo, 9, e o Pedro, 7, praticam râguebi. O mais novo, Gonçalo, 4, ainda não se decidiu, mas já dá uns toques. Os pais, Maria João e Rui Figueiredo estão lá para apoiar. [Fotografia de Pedro Granadeiro/Global Imagens]
O primeiro a demonstrar vontade de ir para o râguebi foi o Pedro, já lá vão três anos. Rapidamente influenciou os irmãos, e os pais agradecem, ainda que não fosse a modalidade de eleição em casa. «Imagine a logística se todos eles praticassem modalidades distintas», explica Rui. O filho Rodrigo ainda acumula a prática de futebol e todos eles acabam por estar inscritos noutras atividades culturais e artísticas.

O preço dos equipamentos, as mensalidades e as provas são quase sempre uma responsabilidade dos pais. e pesam bastante sobre o orçamento familiar.

A grande surpresa para os pais foi o facto de a Matilde também ter optado pelo râguebi. Rui ficou apreensivo. «É que ela é menina. Mais rapidamente a imaginava a dançar do que nesta modalidade», explica. Passado o espanto, logo se habituou à ideia. «É bom porque treinam todos à mesma hora, duas vezes por semana, das 18h30 às 20h00», explica a mãe, acabando por confessar que é aqui que encontra o seu momento de descontração semanal enquanto assiste aos treinos.

O filho mais novo, o Gonçalo, ainda não se rendeu à prática, mas conhece bem o ambiente vivido no râguebi. «Entra no campo, dá uns passos, corre, mas ainda tem alguma vergonha. Será uma questão de tempo até demonstrar vontade de jogar», diz Maria João. Uma a duas vezes por mês, a família assiste aos torneios, que se realizam entre o Centro e o Norte do país.

Além da mensalidade de cada um, também os encargos com o equipamento são da responsabilidade dos pais, bem como as inscrições no clube, as joias de sócio e os seguros desportivos. «Não existem patrocínios suficientes», lamenta Rui.

Quando perguntados se o sacrifício vale a pena, os pais respondem claramente que este é um investimento que fazem por tudo pelos filhos.

No final, gostam de analisar a influência da modalidade em cada um. «Como crianças diferentes que são, a modalidade traz-lhes benefícios distintos. A Matilde pratica porque gosta, o Rodrigo é extremamente competitivo e o Pedro gosta da tática do jogo. Cada um vive o desporto à sua maneira», sublinha.

As vantagens vão muito além da prática desportiva. «Destaco o espírito de lealdade e de amizade. Este é um desporto muito inclusivo, em que cada criança tem o seu papel. Nestes escalões de formação há lugar para todos», explica a mãe. Rui acrescenta o facto de a modalidade conferir alguma autoconfiança para resolver problemas em campo «que depois é transportada para a vida».

Quando perguntados se o sacrifício vale a pena, respondem claramente que este é um investimento que fazem por tudo o que os filhos «ganham enquanto pessoas. O sacrifício é bem maior da parte deles, que saem da escola, vão aos treinos, jantam tarde e ainda têm trabalhos de casa para fazer», explica Maria João.

A organização de tempo é feita pelos filhos e não tiveram, até à data, qualquer problema com as notas e com o que lhes é exigido na escola. «São ótimos alunos.» Ficar demasiado focado no resultado ou insistir para que os filhos joguem, sobretudo nos desportos coletivos, não é positivo, na opinião do especialista Pedro Almeida.

«Essa é uma opção do treinador e não há que pôr a tónica em algo que o atleta não controla e que em nada o ajuda», sublinha. Para o psicólogo do desporto, o apoio dos pais passa por estar centrado na tarefa e não nos resultados. «Também não devem intervir nas recomendações dos treinadores porque isso complica a vida dos filhos, que ficam em dissonância cognitiva, a receber instruções do treinador, mas também do pai», explica o psicólogo.

Quando os pais fazem parte da claque

Numa tarde de primavera, Alfredo Soudo, de 11 anos, tem mais uma competição de natação. Desta vez, o cadete do Clube de Natação e Triatlo de Lisboa (ex Atlético) ruma a Almada, ao pavilhão dos desportos da cidade, para se submeter a provas de 200 metros livres, 100 metros estilos, 100 metros mariposa e 100 metros costas.

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Alfredo Soudo tem 11 anos e nada pelo Clube de Natação e Triatlo de Lisboa. [Fotografia de Gonçalo Villaverde/Global Imagens]

É sábado e os pais, Maria José Cabrita e José Soudo, não perdem as prestações. No dia seguinte, sabem que o programa será o mesmo. Nem mesmo os 30 graus que se fazem sentir dentro do pavilhão, em contraste com os 15 do exterior, os demovem. Só ainda não compraram T-shirts de apoio ao filho como outros pais fazem.

É que Alfredo já tem uma claque de pais de outros meninos que vibram nas suas provas. «Lá chegaremos», antecipa José. Escolheram a modalidade pelo filho aos seus 4 anos, porque «ele sempre foi um menino de água, nunca teve medo», explica o pai. Aos poucos, os treinadores começaram a detetar-lhe o jeito para a modalidade.

Naturalmente, são também os pais que mais apoiam os filhos quando as competições correm menos bem.

Até à data, ganhou 22 medalhas, em diversas provas, e insiste em melhorar os tempos de umas para as outras. «Para poderem obter pontuação suficiente para a eventualidade de irem a competições regionais e nacionais, e eventualmente até internacionais, têm de participar nestas provas, pontuar regularmente e ter comprovativos com tempos considerados mínimos», explica José.

Para lá chegar, Alfredo treina três vezes por semana durante duas horas e meia. «Chega a casa estafado», reconhece a mãe. Ao contrário de outras modalidades, a responsabilidade de pagamento das provas é do clube. Aos pais exige-se a mensalidade da prática e o equipamento.

Na fase em que se encontra, o ideal seria treinar todos os dias, mas os pais acordaram com os treinadores que o rapaz não deixaria de lado o estudo de inglês, cujas aulas coincidem com o horário dos treinos. «Não somos fundamentalistas e sabemos que ele dá o melhor nos treinos», afirmam. São também eles que tentam desdramatizar quando as provas correm menos bem e o lugar não é o que desejaram. «Digo-lhe sempre que, entre o primeiro e o último lugar, tem de haver lugar para todos», revela José.

«O tempo é dele, não é nosso, e dedicamo-nos com carinho, enquanto ele assim quiser». Se será ou não uma modalidade para continuar «o Alfredo é que sabe.»

Longe vão os tempos em que Alfredo reagia mal se a prova não corresse da forma que tinha idealizado. Maria José lembra-se bem da primeira em que participou: «Era muito pequeno e não foi dada nenhuma medalha aos participantes. Ficou tão triste, fartou-se de chorar e foi o último a sair da piscina.» Os pais organizam os seus horários profissionais em função dos horários do filho e revezam-se na ida e no regresso dos treinos.

À exceção das quartas-feiras, em que ambos aproveitam o tempo do treino para praticar hidroginástica. «As nossas opções são sempre em função dele. O tempo é dele, não é nosso, e dedicamo-nos com carinho, enquanto ele assim quiser», diz José. Se será ou não uma modalidade para continuar, «o Alfredo é que sabe. O nosso desejo é apenas que continue a nadar bem».

A campeã, os pais e o irmão dela

O quarto de Maria Eduarda Queiroz deixa antever, desde logo, a modalidade que pratica. De um lado, a fita, a bola, a corda, o arco… Ao canto, um quadro onde estão reunidas as cerca de 80 medalhas que ganhou ao longo dos últimos três anos.

Tem 13 e pratica ginástica rítmica desde os 5. Aos 9, já competia fora do país, como atleta da Sociedade Filarmónica União Artística Piedense, em Almada. Foi a Londres e a Saravejo. «De ambas as vezes esteve no pódio», diz a mãe, Fabiana Valdasca Ramos. O talento, quase natural, começou a ser aperfeiçoado com os treinos diários, de quatro horas.

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Maria Eduarda Queiroz tem 13 anos e pratica ginástica rítmica desde os 5. A mãe, Fabiana, até tirou um curso de treinadora, para acompanhar a filha. [Gonçalo Villaverde/Global Imagens]
Mas também pode treinar mais, aos feriados ou durante as férias escolares. No passado Carnaval, treinou das 08h00 às 18h00. Quando questionada sobre a exigência dos horários da filha, Fabiana refuta: «Entendo as críticas das pessoas, mas a verdade é que as atletas também se divertem nos treinos e estão ali porque gostam. Almoçam juntas, fazem musicais, brincam… A única diferença em relação a crianças da mesma idade é que não estão na rua nem em centros comerciais. Saber que a Maria Eduarda está no treino dá-me segurança.»

Quando há mais do que um filho, os pais de atletas de alta competição criam um excesso de atenção para com estes. A solução pode passar por um maior equilíbrio nos papéis parentais, alerta o psicólogo Pedro Almeida.

Fabiana organiza a sua vida familiar em torno das responsabilidades da filha. Tem ainda um rapaz, de 5 anos, que fica com o pai durante os treinos e as competições da irmã. Esta é, aliás, uma das preocupações do psicólogo Pedro Almeida: a organização familiar quando existem irmãos que não são atletas de alta competição. «Esta dimensão nem sempre é falada, mas é importante referi-la.

Quando há mais do que um filho, os pais de atletas de alta competição criam um excesso de atenção para com estes em detrimento de outro(s). Não que queiram fazê-lo, mas por razões óbvias e naturais: tem de se acompanhar, de andar de um lado para o outro. Isto pode dar azo a problemas de gestão familiar ou da própria relação do casal», defende.

A solução pode passar por um maior equilíbrio nos papéis parentais. «Não ir a todos os jogos, a todas as provas, ou ter uma rede de pais que se coordenem e que se revezem é importante para aliviar a carga: umas vezes vão uns, outras vezes vão outros.» O investimento de Fabiana e do marido é pessoal e financeiro. «Além da mensalidade da ginástica, que ronda os 18 euros, cada fato que veste nas competições custa mais de 200 euros [Maria Eduarda tem mais de uma dezena].

A maior recompensa para a Fabiana é ver Maria Eduarda no pódio, mas o maior sonho é ver a filha chegar aos Jogos Olímpicos.

Cada aparelho também tem um custo, obedece a normas técnicas específicas e tem de ser substituído passado um tempo de utilização. Por exemplo, uma bola pequena custa à volta de 80 euros.» Faltar aos treinos não é opção. Nem para estudar. «Nunca teve nenhuma negativa e tem boas notas por seu mérito. Estuda nos intervalos da escola, em casa à noite ou aos domingos», diz Fabiana.

Os resultados do esforço de Maria Eduarda estão à vista: foi bicampeã nacional em 2015 e 2016. A maior recompensa para a mãe é vê-la no pódio, mas o maior sonho é ver a filha chegar aos Jogos Olímpicos. «Ela é uma campeã e trabalha para tal. Quando fica nos primeiros lugares, é o reconhecimento do trabalho e do esforço dela, mas também dos pais que dão todo o suporte para chegar onde chega.» Sabe o quanto é difícil fazer disto vida. «Não há patrocínios.» Confessa que chora, ri-se, sente-se nervosa, grita e aplaude a filha das bancadas.

O gosto é tal que a levou a tirar um curso de treinadora de ginástica rítmica. «É um envolvimento muito grande, mas tenho muito orgulho nela. Quando se gosta de alguma coisa, tudo vale a pena.»


SUPORTE VS. PRESSÃO

Pedro Almeida, psicólogo do desporto, dá algumas dicas aos pais para um melhor acompanhamento dos filhos.

  • Deixar que as orientações sejam dadas pelos treinadores;
  • Se quiser falar com o treinador, utilize os espaços próprios, fora do contexto de treino ou de competição;
  • Concentre-se no esforço do filho, e caso seja atleta, se deu o máximo ou não, se se sentiu bem, se está feliz;
  • Deixe a questão do resultado para os treinadores;
  • Quando a pressão é demasiada e a criança não tem competências para lidar com o stress, a possibilidade de abandono da modalidade é razoável.