Psiquiatras norte-americanos juntam-se contra Donald Trump

Texto de Marcelo Teixeira

Mal informado, errático, autodestrutivo, abusador, intolerante, paranóico, inseguro e rancoroso são traços que alguns psiquiatras apontaram para descrever o presidente do país mais poderoso do mundo.

E não estão sozinhos. De acordo com estudos de opinião divulgados por diversos órgãos de comunicação social dos Estados Unidos, um em cada três norte-americanos acredita que a saúde mental de Donald Trump não é estável. E até alguns dos seus correligionários vão dando sinais de que não o consideram apto para liderar os destinos do país.

Um em cada três norte-americanos acredita que a saúde mental de Donald Trump não é estável.

Michael Steele, que fez parte do Comité Nacional Republicano entre 2009 e 2011 e é considerado um veterano do partido, usou palavras duras sobre o atual Presidente dos EUA, ao afirmar ao jornal The Independent que «ninguém quer trabalhar com ele por ser louco».

Desde que tomou posse, Donald Trump já demitiu da sua própria administração 18 pessoas e algumas delas não saíram sem reagir, apelidando-o mesmo de «imoral e narcisista delirante». «Incapaz de demonstrar estabilidade ou a competência exigida para alguém com funções tão importantes» é outro dos mimos com que o presidente dos EUA foi presenteado.

Em julho deste ano, depois de encerrado um comité do Senado, dois representantes esqueceram-se de desligar o microfone e foi então possível escutar a conversa entre Susan Collins, senadora republicana e Jack Reed, senador democrata, divulgada pelo Washington Post, em que, nunca referindo o seu nome, mas subentendendo-se pelo conteúdo que era dele que falavam, lhe chamaram «irresponsável e louco».

Não surpreende pois que, a 3 de outubro, tenha sido lançado o livro The Dangerous Case of Donald Trump, que procura provar a débil situação mental da mais alta figura do governo dos Estados Unidos.

Cerca de metade dos antigos presidentes dos EUA sofreria de distúrbios psíquicos.

Editado pela professora Bandy Lee, psiquiatra forense da Escola de Medicina de Yale, as 384 páginas dão voz a 27 psiquiatras, que em uníssono afirmam que «alguém com a instabilidade mental de Trump não pode ser de confiança para exercer os poderes de vida ou de morte que tem um presidente».

Na sequência desta publicação foi organizada uma conferência sobre a saúde mental de Donald Trump. Nesta foi apresentado um estudo, de 2006, que revela que cerca de metade dos antigos presidentes dos EUA sofreria de distúrbios psíquicos. No entanto, de acordo com os especialistas reunidos na referida conferência, nenhum como o atual detentor do cargo, que é considerado «a maior ameaça», tornando imperioso que sejam tomadas medidas.

Pesos pesados da psiquiatria dos Estados Unidos caraterizam a personalidade de Donald Trump como tendo «uma consistência narcisista, sendo distorcida e padecendo de sociopatia, paranóia e outras patologias».

O psiquiatra português Júlio Machado Vaz não vai tão longe, mas comenta à NM que parece «claro aos olhos de todos que Trump é profundamente narcisista e odeia ser contrariado».

A Associação Americana de Psiquiatria, reagiu, no entanto, à revista Esquire, advertindo que é «pouco ético para os psiquiatras darem uma opinião profissional sem a autorização ou avaliação clara do visado».

Seja como for, existe uma petição em curso a pedir o afastamento do republicano, invocando o artigo 4.º da 25.ª emenda da Constituição dos EUA.

Júlio Machado Vaz não pode deixar de concordar com a instituição que representa os psiquiatras norte-americanos e chama a atenção para o facto de «não dever fazer-se um diagnóstico sem se ter estado com o paciente». Acrescenta ainda que considera «pouco ético desenhar um perfil sem a preservação de uma relação de proximidade», como a que existe entre médico e paciente.

Seja como for, existe uma petição em curso a pedir o afastamento do republicano, invocando o artigo 4.º da 25.ª emenda da Constituição dos EUA. E esta pode ser a tentativa mais séria de o tirar do lugar.