Os desconfortos na gravidez (e como combatê-los)

Texto de Sofia Teixeira | Fotografia de Shutterstock

ENJOOS

Há quem desconfie da gravidez precisamente quando estes atacam. São uma das marcas do primeiro trimestre e tendem a desaparecer com o passar dos meses, mas, enquanto isso, podem causar desconforto, sobretudo quando não são apenas matinais. Para atenuá-los, a grávida deve beber bastante água e fazer refeições pouco pesadas de três em três horas, mas a única solução verdadeiramente eficaz é a medicação antiemética prescrita pelo médico. Daí que o problema deva ser discutido com o obstetra assistente. Além deste enjoos, há uma condição chamada hiperemese gravídica – uma complicação que afeta cerca de um por cento das grávidas –, na qual a frequência e a gravidade de náuseas e vómitos pode provocar desidratação, perda de peso e deficiências nutricionais, o que exige um acompanhamento clínico mais próximo.

PERNAS E PÉS PESADOS

Fazem sentir-se mais no último trimestre, sobretudo se está calor. Edemas nos tornozelos e a sensação de cansaço nas pernas e nos pés podem ser combatidos com autocuidados. A saber: evitar sapatos apertados, usar meias elásticas durante o dia, elevar os pés (apoiados) quando está sentada ou deitada, não ficar muito tempo parada em pé e ir fazendo exercício para mobilizar as pernas, os tornozelos e os pés quando está sentada. As massagens também ajudam a eliminar a retenção de líquidos.

AZIA

A barriga grande implica uma compressão do estômago e do diafragma que faz surgir o famoso refluxo. Os sintomas são conhecidos por muitas grávidas e incluem a sensação de queimadura no peito e na garganta. As regras de ouro para evitar a azia são uma alimentação equilibrada, pouco condimentada, sem fritos e chocolates, com mais refeições por dia e sem bebidas com gás. E nunca – mas nunca – sentar ou deitar após as refeições: agrava quase sempre os sintomas. Se esses cuidados não forem suficientes, o médico pode prescrever antiácidos que ajudam a controlar a situação.

SONOLÊNCIA E CANSAÇO

Se tem sono, aproveite para dormir sempre que pode. Não vai ser tão fácil quando o bebé nascer. O aumento do nível de progesterona no primeiro trimestre é um dos responsáveis pela sonolência diurna. Se for possível dê ao corpo o que ele pede e faça uma sesta. Já no último trimestre, a sonolência desaparece, mas pode intensificar-se o cansaço, por causa da barriga grande e do peso a mais. Dormir horas suficientes e não embarcar em esforços que a levem até ao limite das energias é muito importante.

OBSTIPAÇÃO

É decorar estas duas palavras: fibra e água. O aumento da progesterona, além de dar sono, complica o funcionamento dos intestinos. E o tamanho aumentado do útero também pode ter aqui uma influência. As fibras (flocos de aveia, ameixas, sementes de linhaça, maçã) e a água são as melhores aliadas para quem tem este problema. Em última análise, o médico assistente pode prescrever laxantes.

DORES NAS COSTAS

A curvatura da coluna modifica-se para suportar o peso da barriga, e isso pode causar dores musculares. Para a maioria das mulheres, é um desconforto passageiro que só se faz sentir muito próximo do parto e desaparece de seguida. Para outras, se a dor for mais forte e tiver início mais precoce, pode ser particularmente desafiante. Os médicos costumam evitar a prescrição de anti-inflamatório, recorrendo a fisioterapia, massagens,
descanso e analgésicos, se necessário

CUIDADO COM AS TONTURAS E OS DESMAIOS

Valores de tensão arterial mais baixos podem determinar episódios de tonturas ou desmaios inesperados. Não sendo a tontura ou a perda de sentidos indício de nada grave, uma queda provocada por estes já pode ser. O mais importante conselho é que caso sinta uma tontura deve sentar-se ou deitar-se de imediato, esteja onde estiver, para evitar cair, e deve ter alguém por perto quando voltar a tentar levantar-se. Este tipo de episódio deve ser discutido com o obstetra assistente.