O que significa a gravura que Madonna colocou no Twitter à chegada a Lisboa?

Notícias Magazine

Texto de Sara Dias Oliveira

Madonna já anunciou ao mundo, através das redes sociais, que está a viver em Lisboa e que «a energia de Portugal é inspiradora.» «Sinto-me muito criativa e viva aqui, onde espero trabalhar no meu filme ‘Loved’ e fazer música nova. Este será o próximo capítulo do meu livro.

É tempo de conquistar o mundo de um ponto vantajoso diferente». Esta é a legenda que acompanha uma imagem inspirada no Colosso de Rodes, segundo atestam especialistas do Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa, uma estátua de bronze do deus-sol, com 30 metros de altura e 70 toneladas, erguida 280 anos antes de Cristo, na ilha grega de Rodes. De facto, a imagem remete para essa vontade de conquistar o mundo. O que Madonna pode continuar a fazer, mas agora a partir de Lisboa.

A rainha da pop mergulhou na Grécia antiga e numa obra que representa a vitória e resistência de um povo para anunciar mais uma etapa da sua vida. As intenções da escolha da imagem permanecem, e deverão permanecer, um mistério. Não se sabe se se trata de uma alegoria à época dourada dos descobrimentos portugueses, partindo do princípio que a cantora conhece essa parte importante da nossa História, ou se a ideia é passar a sensação de força e garra, de conquista do mundo, contra ventos e marés, que a gravura transmite. Todas as leituras estão, portanto, em aberto.

Há várias imagens antigas do Colosso de Rodes, muitas de autores não identificados, que representam essa escultura grega. Não se sabe de que ponto do mundo a cantora terá retirado a foto da gravura – dá a sensação que terá sido de uma parede com azulejos, mas também poderá ter sido de um livro. Mas uma coisa é certa: a gravura não consta do património do Pestana Palace Hotel de Lisboa, onde a cantora estará alojada até, como se tem noticiado nos últimos dias, a quinta que comprou em Sintra estar pronta a habitar.

A rainha da pop mergulhou na Grécia antiga e numa obra que representa a vitória e resistência de um povo para anunciar mais uma etapa da sua vida.

O Colosso de Rodes é uma estátua forte criada por Carés de Lindos para comemorar a vitória de Rodes contra os apetites invasores da Macedónia. Uma figura entroncada, que nos desenhos ora aparece nua, ora com um pano que serve de cuecas, com uma tocha na mão que, ao que tudo indica, simbolizaria a função de farol. Mais do que uma estátua que tinha os pés assentes na entrada do porto da ilha de Rodes, com os barcos a passarem por baixo das pernas, era um símbolo de união de um povo que resistiu aos ataques macedónicos. Reza a História que era uma das estátuas mais altas do mundo antigo.

A estátua foi representada em desenhos como tendo os pés assentes na entrada do porto de Rodes. Os barcos passavam por baixo das pernas e na mão tinha uma tocha que representava um farol.

O monumento ruiu com um terramoto por volta do ano 226 antes de Cristo e nunca mais foi reconstruído. As ruínas ficaram nas profundezas do mar até ao século VII, quando os muçulmanos invadiram a ilha e encontraram os pedaços da estátua que venderam como sucata.
Há, porém, alguns mistérios em torno do Colosso de Rodes. Há quem afirme que nunca terá existido e que seria uma lenda que foi passando de geração em geração, o que acaba por não bater certo com as gravuras desenhadas por vários artistas. Há quem defenda que existiu e que estava no alto de uma colina e não no porto do mar Egeu. Certo é que o escultor da Estátua da Liberdade de Nova Iorque se inspirou no Colosso de Rodes e que Salvador Dalí pintou um quadro também inspirado na estátua grega.

Neste momento, há um projeto para uma nova estátua, inspirada na antiga, precisamente para o porto de Rodes. Um projeto que pretende dar fôlego turístico ao país que atravessa uma profunda crise financeira. Os planos são ambiciosos: uma estátua com 122 metros de altura e cerca de 280 toneladas com um museu, uma biblioteca, um centro cultural, sala de exposições no interior e um miradouro com alcance superior a 50 quilómetros de distância. O grupo de promotores anunciou que precisa de 260 milhões de euros.