Os primeiros anos da Feira do Livro

Estávamos em 1930, Salazar era ministro das Finanças e o crash da bolsa Nova Iorque tinha acontecido no ano anterior. Em Lisboa, a Associação de Classe de Livreiros (hoje a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros) decidira organizar um evento em que seriam os livros os atores principais.

O local escolhido foi a Praça D. Pedro IV (mais conhecida como Praça do Rossio), um dos pontos centrais da capital. Os stands de livros alinhavam-se em torno da fonte em frente ao Teatro Nacional D. Maria II. O Diário de Notícias dava conta, em 1932, da inauguração com «grande sucesso» da 2.ª edição do certame.

O jornal salientava a variedade das publicações disponíveis, destacando «as preciosas edições de Os Lusíadas e obras de autores consagrados como Camilo, Eça, António Nobre e tantos outros». Para além da notícia sobre a feira, na mesma página podem ler-se algumas promoções como «Brindes valiosos que chegam a atingir 3 contos em livros, nas barracas 22 e 23».

A feira teve várias moradas, desde então. Em 1940, foi transferida para a Avenida da Liberdade (perto dos Restauradores), mas, em 1957, a festa regressou ao Rossio.
Em 1980, passou para o Parque Eduardo VII, onde se manteve até hoje (com uma única exceção, em 1996, quando aconteceu entre a Rua Augusta e o Terreiro do Paço). Durante quase nove décadas, a Feira do Livro realizou-se todos os anos, entre maio e junho, sobrevivendo à ditadura, às guerras que abalaram o país e a Europa, à revolução e às crises económicas. E tem vindo a crescer. Parece que, afinal, gostamos de ler.

FEIRA DO LIVRO DO PORTO
A Feira do Livro do Porto realiza-se também desde 1930. No entanto, teve um interregno de dois anos (2012 a 2014), acabando a Câmara Municipal da cidade por assumir as rédeas da organização.