O Porto submerso

O problema é antigo e dá sempre que falar. Desta vez foi na madrugada de 25 de fevereiro de 1960: o temporal que atingiu o Norte do país teve consequências dramáticas na cidade do Porto. Parte da zona da Ribeira ficou novamente submersa.

O Porto não é estranho a tempestades. É recorrente ver a cidade nas páginas dos jornais devido ao mau tempo que causa estragos nas margens do Douro. Em 1960 ocorreu outro desses momentos. No pico do inverno, o Jornal de Notícias noticiava que o caudal do rio tinha subido até aos 11 metros e que o cais da Ribeira e a zona de Miragaia estavam inundados.

O vento forte e a chuva arrastaram a corrente de água até às «ruas da Fonte Taurina, e dos Canastreiros, subindo em Massarelos pelas sarjetas até à Rua do Casal do Pedro – coisa que ainda não tinha feito».

O JN dava conta da inundação ao largo das margens entre o Castelo de Queijo e o Aquário da Foz, onde foi encontrada uma vaca que teria sido arrastada pela corrente, assim como «muitas e boas madeiras – barrotes, tábuas, pranchas, etc. – vão igualmente por aí abaixo provavelmente de alguma serração ribeirinha».

Também era notícia os estragos provocados pelas cheias em outras zonas do Norte do país. Se, em Chaves, as comunicações rodoviárias para várias localidades foram temporariamente interrompidas, em Estarreja, os rios Vouga e Antuã inundaram os campos circundantes. Já em Terras do Bouro o Inverno deixava um rasto de destruição, causando «muitos prejuízos à lavoura, nomeadamente em sementeiras de centeio, podas, campos inundados e frequentes derrocadas de socalcos».

A última grande cheia na cidade aconteceu em janeiro do ano passado, quando, devido às chuvas fortes, o rio Douro subiu sete vezes acima do nível regular. As maiores cheias de que há memória aconteceram em dezembro de 1909, tendo destruído várias embarcações nas zonas ribeirinhas do Porto e de Gaia.