A nova onda do vidro português

Texto de Ana Patrícia Cardoso | Fotografia de Off Portugal

A história começa com um workshop de dois dias na cidade do vidro, Marinha Grande. Dez jovens designers juntaram-se no CENCAL – Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, para aprender mais sobre a técnica do vidro soprado. Aprender a arte milenar foi um desafio para o grupo. «Estávamos todos entusiasmados com a perspetiva de trabalhar com o vidro, nunca o tínhamos feito», relembra Luís Nascimento, um dos designers.

Este ano, as peças estiveram presentes na Semana do Design de Milão, em abril, e na Feira de Londres, em setembro, e podem ser compradas mediante consulta no site offportugal.com.

A ele juntaram-se Joana Silva, Vítor Agostinho, Diana Medina, Samuel Reis, Paulo Sellmayer, Manuel Amaral Netto, Eneida Tavares, O João e a Maria e Jorge Carreira e estava formada a iniciativa Off Portugal com um portfólio de dez peças. Esta nova abordagem passou por eliminar as linhas retas que marcam a história do design em vidro e optar pela experimentação de curvas e cores vivas. O resultado surpreendeu e o grupo percebeu o potencial que tinha em mãos.

Decidiu então apostar numa exposição itinerante que mostrasse aos mercados mundiais o potencial português. «O que pretendemos é que se valorize esta atividade e a matéria-prima de qualidade que produzimos no nosso país», adianta Luís. Este ano, as peças estiveram presentes na Semana do Design de Milão, em abril, e na Feira de Londres, em setembro, e podem ser compradas mediante consulta no site offportugal.com. De momento não estão agendadas mais apresentações.

 

O VIDRO DA MARINHA

A ligação da Marinha Grande com o vidro nasce no século XVIII quando a Real Fábrica do Vidro passa a operar ali, depois de encerrar em Coina. A localização revela-se ideal com a abundância de areia na região e lenha do Pinhal de Leiria. Guilherme Stephens foi o industrial que a reabriu – o acontecimento teve tal importância que deu nome a uma praça e teatro da cidade. A Marinha tornou-se o centro vidreiro português por excelência e hoje a antiga fábrica abre as portas como Museu do Vidro. O mercado ressentiu-se nos últimos anos e oitenta por cento da produção foi para o estrangeiro.