Porque não conseguimos parar de comer nas festas?

É a época mais tentadora e excessiva do ano: repetimos que é só hoje, um dia não são dias, o ginásio resolve, e lá vão três figos com nozes e um sonho. Lanches para trocas de prendas com amigos pedem fatias de bolo-rei para aconchegar. Os jantares chegam aos dois de cada vez, como as cerejas.

“Acho que toca a todos. Os excessos começam lá para 15 de dezembro e vão muitas vezes até ao Dia de Reis, a 6 de janeiro”, resigna-se Sofia Domingos, designer gráfica. São semanas às voltas com as sobras, a jurar que fechamos a boca em breve, mas então já o estrago está feito. Afinal, porque é que não conseguimos parar de comer nesta quadra?

Segundo o neurocientista Daniel Glaser, diretor da Galeria de Ciência de Londres – um novo espaço da universidade King’s College London a cruzar arte e conhecimento científico –, chegamos a comer três vezes mais do que o habitual, incluindo doses cavalares de chocolate, queijo e peru. Só os ingleses aumentam em média 2,7 quilos neste período de festas por não conseguirem (e quem consegue?) resistir a mais um pouco de comida. Tudo porque o mecanismo do cérebro que nos faz sentir fome, desencadeado pelos níveis de sal e açúcar no sangue, não é o mesmo que nos faz parar de petiscar.

“Se continuássemos a comer até os índices de açúcar no sangue voltarem ao normal era provável explodirmos”, diz o neurocientista Daniel Glaser.

“Se continuássemos a comer até os índices de açúcar no sangue voltarem ao normal era provável explodirmos, já que os efeitos de uma refeição levam mais de meia hora a alcançar a corrente sanguínea”, explica Glaser ao jornal britânico The Guardian. Em vez disso, “o cérebro baseia-se na experiência anterior para prever quando devemos parar, fazendo-nos sentir cheios no ponto em que comemos o suficiente”.

Atenção, porém, que este sistema neurológico funciona melhor com umas pessoas do que com outras, ressalva o especialista. A genética pesa, a par de outros fatores que podem interferir com a sensação de saciedade como o álcool, a ansiedade, estarmos aborrecidos ou excitados. Na dúvida siga estas dez dicas que lhe deixamos na fotogaleria, muito úteis para enfrentar o Natal.