Onde está o coração de Matias Damásio?

Texto de Alexandra Tavares Teles | Fotografia de Gustavo Bom/Global Imagens

O pomar junto a casa, o mar e o violão, que entretanto aprendera a tocar, alegravam o menino pobre. Pela música, já então sonho, lutou desde miúdo. Pela música lavou carros, pelo sonho engraxou sapatos. A vida ensinou-lhe «que temos de nos preparar para estarmos à altura dos problemas, desafios, dificuldades, que temos de estudar, ser fortes, acreditar nos sonhos e trabalhar para isso, superar-nos dia após dia». A carreira começou em 2000, em festivais religiosos.

Para Matias, a música é, sobretudo, «uma lição interminável da vida porque tem a capacidade de definir as coisas de forma mais leve e menos científica, ajuda-nos a definir as coisas com alma».

Em 2003, venceu a gala À Sexta-Feira, da Televisão Pública de Angola. Venceu também o Festival da Canção de Luanda. E nunca mais parou. Em 2016 o êxito chegou a Portugal com Loucos, que alcançou o nº3 do top português de singles e a vice-liderança de downloads. Atualmente, leva trinta milhões de visualizações no YouTube. Daí aos coliseus de Lisboa e Porto foi um passo.

E dentro de dois meses atuará no festival MEO Sudoeste, na Zambujeira do Mar. Para Matias, a música é, sobretudo, «uma lição interminável da vida porque tem a capacidade de definir as coisas de forma mais leve e menos científica, ajuda-nos a definir as coisas com alma». Reconhecido, espera agora que a vida seja leve e justa: gostaria de poder ver os filhos crescer, ver os dois rapazes a enfrentarem o mundo, ganharem independência.

E aos 35 anos, um balanço: «O melhor da vida são essencialmente os amigos, as pessoas que nos amam. O sentido de viver é sabermos que somos amados, poder ser reconhecido pelo que fazemos.»