Manual de instruções para viajar com crianças

Texto de Sofia Teixeira

Artigos, fóruns e blogues pela internet fora elucida-nos sobre um dos principais dramas parentais na altura de ir de férias com crianças pequenas: «O que posso fazer para que viajar com os miúdos não seja um pesadelo?» ou «Férias com miúdos: como evitar que sejam o inferno do costume?» Ninguém disse que os primeiros anos iam ser fáceis…

Nas férias, as crianças são expostas a novos estímulos e saem das rotinas habituais. E isso é bom e pode correr tudo bem, mas também pode acontecer que não se adaptem sobretudo quando ainda são pequenas: porque ficam com os sonos trocados, porque se aborrecem, porque estão num espaço diferente e podem não gostar. Ideias para se organizar, na viagem e no destino, e tentar ter umas férias o mais tranquilas possíveis.

O PLANEAMENTO

Viajar com crianças e pressa não são compatíveis. Se vai de carro, vai precisar de parar para ir à casa de banho, para dar de comer ou porque há uma má disposição. Se vai apanhar um avião, é possível que seja no minuto antes de sair de casa que a criança se suja e vai ter de trocar-lhe a roupa.

Como diz a famosa lei de Murphy: «Se alguma coisa puder correr mal, correrá mal.» E isto é especialmente verdade com crianças. Mais vale considerar que tudo aquilo que pode acontecer para o atrasar acontecerá, defenda-se programando tudo com tempo extra para lidar com os imprevistos e não entrar em stress ainda antes de sair de casa.

A VIAGEM

Quem diz para o mar, diz para dentro do carro ou do avião. Se vai fazer uma viagem de 3 ou 4 horas com crianças pequenas – seja qual for o meio de transporte, vá preparado para ter de mudar a atividade para os distrair de 20 em 20 minutos.

Com sorte eles dormem parte da viagem, mas nem sempre temos sorte, verdade? Leve cadernos de colorir, pense em jogos simples que possa fazer com eles e leve snacks (comer também entretém).

S.O.S. BIRRAS

Faça upload para o seu telemóvel ou tablet das músicas, desenhos animados ou jogos de que a sua criança mais gosta. Se e quando se avizinhar birra passe-lho para as mãos (e sim, deixe que se entupa com música e desenhos animados até chegarem ao destino ou até adormecer.) A máquina fotográfica do telemóvel também pode ser uma boa distração antitédio ou antibirra, sobretudo se for uma novidade.

Por fim, antes de sair de casa, embrulhe um ou dois presentes – coisas pequenas ou que eles já tenham esquecido e estejam lá por casa – e ofereça-lhes para os distrair de tempos a tempos. Eles adoram desembrulhar coisas. (Se achar muito antipedagógico, pode trocar esta opção por tampões para os ouvidos. Para si, claro).

FLEXIBILIZE E DESDRAMATIZE

Ele estava a fazer o treino para usar o bacio? Cancele e guarde para depois das férias. Andar de bacio atrás e com mudas de roupa extra não será a melhor das ideias. É absolutamente contra comida de boião? Leve na mesma, que pode dar jeito. Ele deita-se sempre às 21h00? Se estiver bem-disposto deixe que se deite mais tarde. Seja flexível. E quando estiver a voltar para casa, findas as férias, mesmo que esteja com vontade de dizer que está mais cansado do que foi porque eles odiaram tudo e fizeram birras o tempo inteiro, resista à tentação. Tenha paciência, da próxima vez vai ser melhor, agora já sabe o que correu mal e porquê e vai poder emendar a mão no próximo ano.

O DESTINO

Há a vida a.C e a vida d.C. , que é como quem diz «antes das crianças» e «depois das crianças». O nascimento delas marca a chegada de novos tempos em que inevitavelmente vai ter de ajustar os programas, as possibilidades e as expetativas. Não é boa ideia partir sem destino, sem saber onde vai pernoitar, com um bebé atrás. E seguramente talvez não seja a melhor das ideias embarcar numa viagem de quatro semanas para o Camboja com um miúdo de 2 anos pela mão.

É possível que sinta em alguns momentos uma nostalgia da espontaneidade e despreocupação com que viajava, mas não ceda à tentação de não planear ou de se meter numa aventura que depois não consegue gerir bem. Tente perceber coisas simples, mas importantes, sobre o local de destino: a piscina do hotel pode ser usada por crianças? O carrinho de bebé vai caber no elevador para o 7.º andar? A praia tem bons acessos e um bar de apoio com casa de banho? Há uma farmácia por perto? Evite surpresas.

O ALOJAMENTO

A dúvida clássica de quem viaja com crianças: «hotel ou apartamento?» teve durante muito tempo a mesma resposta «apartamento!», sobretudo porque há cozinha disponível, e a cozinha é uma coisa de valor quando se anda com crianças atrás. Mas há quem não aprecie ir de férias para continuar a fazer limpezas, a preparar refeições e a lavar louça.

Hoje há muitos hotéis em regime de tudo incluído amigos das crianças, com uma série de coisas pensadas para elas (e para si): micro-ondas self-service disponível para lhes aquecer a comida ou fazer papas, restaurante com menu infantil, atividades de animação para crianças durante o dia (sim, pode deixá-lo e ir ler um livro para a praia), quartos preparados com berço e banheira, babysitter a pedido, entre outras.