Há cada vez mais estrangeiros a casar em Portugal

Texto Sónia Salgueiro Silva

[*Casas comigo… em Portugal?]

Casar longe de casa, noutro país, pode parecer uma ideia estranha ou exótica, mas, nos últimos anos, Portugal tem estado no top das preferências quando chega a hora de marcar o local para trocar alianças. São cada vez mais, e das mais variadas nacionalidades, os noivos que procuram o país para viver esse dia. «Tem paisagens naturais encantadoras e um vasto património cultural, que proporciona uma variedade incrível», diz Manoela Cesar.

A especialista brasileira, autora de um blogue dedicado apenas a casamentos, garante que tem muitos leitores – mulheres, sobretudo – interessados em obter informações sobre cerimónias em Portugal. «Num país pequenino é possível encontrar desde praias maravilhosas a palácios e hotéis, que são os cenários com que todas as noivas sonham.»
Mariana e Thiago (cujo apelido preferem não revelar) que o digam.

É fácil para um estrangeiro casar­‑se cá pela Igreja? «Tivemos de fazer o curso de noivos no Rio de Janeiro e de apresentar o comprovativo de batismo e de casamento», explica Mariana.

Naturais do Rio de Janeiro, ambos de 32 anos, escolheram Ponte de Lima para a festa. «Queríamos criar um momento único, com amigos e familiares, que tivesse significado para a nossa história», explica a noiva. A vila minhota foi escolhida por ser a terra natal do pai dela. «O meu pai e os irmãos nasceram e viveram aqui antes de emigrarem para o Brasil.

Queríamos fazer a cerimónia na igreja onde o meu pai foi batizado.» Assim, a 10 de setembro de 2016, depois de já terem casado pelo civil no Brasil, a gerente de projetos e o economista disseram «sim» numa cerimónia religiosa, na Igreja Paroquial de São Julião de Freixo.

Mariana e Thiago casaram-se em Ponte de Lima. «Queríamos criar um momento único, com amigos e familiares, com significado para a nossa história», explica a noiva, natural do Rio de Janeiro. A vila minhota foi escolhida por ser a terra natal do pai.

É fácil para um estrangeiro casar­‑se cá pela Igreja? «Tivemos de fazer o curso de noivos no Rio de Janeiro e de apresentar o comprovativo de batismo e de casamento», explica Mariana. O curso de preparação para o matrimónio é exigido em quase todos os países, mas as restantes instâncias variam consoan­te os países de origem. Rui Mota Pinto, o organizador deste casamento, ajudou Mariana e Thiago com a burocracia.

«Tenho um departamento de aconselhamento legal, porque essa pode ser a parte mais complicada», diz o wedding planner, que garante ter um volume de trabalho em que 80 a 90 por cento dos eventos são de estrangeiros. «Faço 12 casamentos por ano, mas tenho mais de 700 pedidos. Sessenta por cento dos destination weddings são simbólicos, os noivos vêm pela viagem, pela experiência e pelas recordações que criam.»

«Os Estados Unidos são lindos, mas as maravilhosas arribas e as praias do Mediterrâneo são imbatíveis», diz Devin.

Por isso, tudo na festa de Mariana e de Thiago foi preparado para que os convidados – brasileiros, portugueses e de outras nacionalidades – se sentissem felizes e de férias. Com direito a momentos em que sentiram que estavam numa colónia de férias (o transporte dos sessenta convidados entre a igreja e o local do copo­‑de­‑água foi feito num autocarro de turismo).

«Queríamos desfrutar do local e da companhia dos amigos e da família durante alguns dias, como se fossem férias, mas especiais», diz Mariana. Quem aceitou o convite não se arrependeu. «Em Portugal, tivemos uma semana de encontros, jantares, almoços e celebrações, unindo pes­soas queridas numa viagem que seria impossível organizar em condições normais. Mais do que apenas o nosso casamento, construímos memórias de viagens, férias e encontros para nós e para os convidados.»

Devin Turner e Eric Robison, ambos de 33 anos, casaram­‑se no extremo oposto do país. Os norte­‑americanos escolheram o Algarve para trocar alianças. «Os Estados Unidos são lindos, mas as maravilhosas arribas e as praias do Mediterrâneo são imbatíveis», diz a noiva, Devin.

A cerimónia decorreu a 15 de maio deste ano na Capela da Nossa Senhora da Rocha, em Porches (Lagoa). «Nós procurávamos um local que tivesse beleza, charme e um ótimo clima. Considerámos muitos lugares, incluindo Espanha e Itália, mas depois de uma extensa pesquisa percebemos que mais nenhum país tinha o caráter e o esplendor de Portugal. Quando descobrimos a praia de Nossa Senhora da Rocha sentimos que tinha de ser ali! Os penhascos, a areia, a água, a pequena capela… Era tudo perfeito!»

«Muitos noivos brasileiros querem casar-se na Europa e Portugal tem profissionais de grande qualidade: na doçaria, fotógrafos, estilistas e designers prontos para atendê-los», diz a blogger brasileira Manoela Cesar, especialista em casamentos.

A paisagem era tão avassaladora que os noivos do estado do Kentucky resolveram não a estragar com mais nada. Ou com mais ninguém. Casaram­‑se os dois. Sozinhos. Sem arrependimentos. «O meu marido e eu sabíamos que queríamos um elopement num destino europeu. No início, a família ficou chocada, porque queriam partilhar o dia connosco, mas explicámos que queríamos um momento só nosso e comprometemo­‑nos a ter um operador de câmara para fazer um vídeo.»

Este é outro tipo de casamento em voga e também aqui Portugal se tem revelado destino de escolha. Adaptado a partir da palavra original em inglês, que significa «fuga», um elopement representa uma cerimónia mais intimista, simbólica, apenas com um celebrante. «São só os noivos, não há convidados e isso cria uma dinâmica totalmente diferente. Acaba por existir menos stress, conseguem namorar, aproveitar mais o dia e gastar muito menos dinheiro.

Por vezes, os casais que escolhem fazer um elopement têm alguns problemas familiares ou simplesmente não querem gastar um valor tão grande no dia de casamento. São menos tradicionais, mais aventureiros e mais descontraídos», diz a fotógrafa Adriana Morais, que no ano passado teve 18 casais estrangeiros como clientes.

«Por muito que tenhamos sentido a falta da família, foi agradável dizer os nossos votos de forma tão privada», diz Devin. «Senti­‑me mais descontraída e com a capacidade de adaptar a cerimónia às nossas personalidades, e ainda bebemos bom vinho.» Quando regressaram aos EUA, depois de dez dias de lua­‑de­‑mel pela Europa, voltou a pôr o vestido de noiva para, finalmente, comemorar a união com a família. «Convidámos duzentas pessoas, celebrámos com eles e vimos o vídeo que fizemos no Algarve.»

Guilherme Peixoto e Gabriele Boeira, de 32 e 35 anos, também quiseram casar­‑se sozinhos. Uma ideia que tomou forma desde que o casal de brasileiros pisou pela primeira vez solo nacional. Guilherme, que teve um bisavô português de Ovar, passou dois meses de férias no Estoril, em 2008.

Guilherme e Gabriele, brasileiros, casaram-se em agosto, numa cerimónia simbólica em Sintra. Ele tinha um bisavô português, mas foi sobretudo a paixão pelo país, que desenvolveram em férias anteriores, que os atraiu.

Gabriele tinha visitado Lisboa em 2014. Nessa viagem, a nutricionista viu uma noiva a sair do Mosteiro dos Jerónimos e imaginou que um dia gostaria de se casar em Portugal. Curiosamente, no final desse ano começava a namorar com Guilherme, o que viria a dar origem a uma celebração simbólica na capela em ruínas do Palácio de Monserrate, em Sintra, no início de agosto deste ano. Apesar de o casal ter pensado primeiramente em casar­‑se sozinho, isso acabou por não acontecer.

«Quando a mãe da Gabriele a viu experimentar o vestido de noiva no Brasil, emocionou­‑se e decidimos à última hora convidar os nossos pais. Sem eles não teria sido tão especial nem mágico como foi», diz o gerente de planeamento financeiro.Portugal tem sido muito procurado por brasileiros, ingleses, franceses, turcos e japoneses. «O interesse dos brasileiros em voltar a visitar Portugal tem despertado de há um tempo para cá.

Acredito que se explica pela confluência de dois fatores: muitos noivos brasileiros querem casar­‑se na Europa e Portugal tem profissionais de grande qualidade, não apenas na parte da doçaria, o que já era de esperar, mas especialmente fotógrafos, estilistas e designers prontos para atendê­‑los», diz Manoela Cesar.

Portugal tem sido também escolha preferencial de noivos estrangeiros que procuram outro tipo de casamento: a dois, sem convidados ou família. Poupam dinheiro e têm uma cerimónia mais íntima e simbólica.

No seu blogue, os posts com mais visualizações são precisamente os dedicados a destination weddings. «As fotos são bonitas. As noivas procuram um castelo, um palácio para chamar de seu. Elas querem ter um dia de princesa! As quintas e as paisagens rurais despertam o desejo de ter uma celebração ao ar livre. E em Portugal as noivas que preferem um casamento pé na areia vão encontrar praias fantásticas.»

A ex­‑jornalista, que criou em 2011 o blogue colherdechanoivas.com – considerado uma referência em casamentos no Brasil, com 235 mil seguidores no Facebook e oitenta mil no Instagram, considerado um dos 99 melhores blogues e sites de casamentos no mundo nos Zankyou Wedding Awards de 2012, que premeiam esta indústria – adianta que este mercado movimenta anualmente vários milhares de milhões de euros naquele país e que o interesse dos leitores em destinos estrangeiros é crescente, com Portugal a ocupar um local de destaque nos pedidos de informações.

A ideia destes destination weddings – casamentos no exterior – explica­‑se com a necessidade que os noivos têm de ter um «casamento com significado». «Neste tipo de casamentos, a história do casal, de como se conheceram, a beleza da história de amor é colocada em evidência em cada detalhe. Não há melhor forma de celebrar do que com os amigos, numa viagem que possibilita o convívio com pessoas queridas.»

Melissa queria isso mesmo: um casamento com significado. E queria casar­‑se na praia. Era o sonho que tinha. «Soubemos que isso era possível em Portugal.» Por isso, a 2 de agosto de 2014, a mexicana trocou alianças com o suíço Patrick Schoeni, de 34, numa villa em São João do Estoril.

Melissa é mexicana, Patrick é suíço. Queriam casar-se na praia e «soubemos que isso era possível em Portugal», diz ela. «Temos família na Europa, nos Estados Unidos da América e na América Latina. Mas Portugal pareceu­‑nos o melhor compromisso.»

O casal, que se conheceu através de um site de encontros, resolveu procurar locais para se casar e possibilidades não lhes faltavam. «Temos família na Europa, nos Estados Unidos da América e na América Latina. Mas Portugal pareceu­‑nos o melhor compromisso.»

Claro que esta decisão só foi tomada depois de verem várias fotografias… de praias. «Muitas vezes os noivos não sabem muito bem o que querem. Ou o que querem não tem nada que ver com eles. Eu começo por lhes pedir para desligarem a internet, para se concentrarem um no outro, pensarem como se conheceram, porque é que se apaixonaram… Só assim consigo criar o casamento perfeito», diz Rui Mota Pinto.

 

«Ja tínhamos visitado Portugal antes e ficámos apaixonados pela cultura, pela comida, pelo vinho, pelo fado», diz Nazli.

Também os turcos Nazli Eralp e Onur Mumcu, naturais de Istambul, escolheram o local para se casar em Portugal através de fotografias na internet. «Tínhamos visitado Portugal dois anos antes de nos casarmos e ficámos apaixonados pela cultura, pela comida, pelo vinho, pelo fado», explica Nazli.

Nazli e Onur casaram­‑se há um ano numa cerimónia civil na Embaixada da Turquia em Lisboa e a festa teve lugar depois no hotel de Torres Vedras. No dia seguinte, a celebração continuou com uma cerimónia simbólica na Quinta de Sant’Ana. Tudo baseado na tradição portuguesa.

«Decidimos fazer a cerimónia em dois dias, com os nossos entes mais queridos, num local memorável, de preferência num vinhedo. Quando vimos a Quinta de Sant’Ana, em Gradil (Mafra) e o Hotel Areias do Seixo na internet percebemos que tinha de ser ali.» Nazli e Onur casaram­‑se há um ano numa cerimónia civil na Embaixada da Turquia em Lisboa e a festa teve lugar depois no hotel de Torres Vedras. No dia seguinte, a celebração continuou com uma cerimónia simbólica na Quinta de Sant’Ana. Tudo baseado na tradição portuguesa.

Maria José Ventura também é wed­ding planner e criou uma empresa, Prenúncio de Festa, para isso mesmo: organizar casamentos. Está habituada a receber noivos de fora e sabe o que eles querem. «Os estrangeiros estão abertos a que se faça o casamento deles na tradição portuguesa e vêm à procura disso. Normalmente, não conhecem a nossa forma de casar, mas adaptam­‑se bem.»

A tendência de casar em Portugal, diz a especialista, terá começado a espalhar­‑se «há dois, três anos». Paisagens, clima, paz e tradição gastronómica estão entre as razões principais. «Apesar de não sermos pessoas de peixe, tivemos peixe na ementa e estava muito saboroso», diz a noiva, Melissa, que entretanto já voltou a Portugal com o marido para a Festa de São João, no Porto.

«Se o casamento corre bem, os noivos e os amigos acabam por voltar a Portugal. Há muitos que acabam por investir cá a nível imobiliário», diz Maria José, que até ao fim do ano irá somar oito casamentos de estrangeiros (e mais de cinquenta de portugueses), tendo já 12 planeados para 2018.

«O nosso país saiu a ganhar com a insegurança da zona central da Europa. É seguro.» E isso é o mais importante para os noivos que vêm de todos os cantos do mundo. «No outro dia casei uns japoneses que vieram de férias, assistir ao festival NOS Alive [que decorre no Passeio Marítimo de Algés, Lisboa, no início de julho], e acabaram por se casar cá», diz Rui Mota Pinto.

Em 2016, segundo o Instituto Nacional de Estatística, houve 753 casamentos de cidadãos estrangeiros em Portugal. Dois anos depois o número chegou aos 1020, mas a partir daí, possivelmente devido à crise financeira que se abateu, o número diminuiu até 767 em 2013, começando novamente a subir a partir daí. Em 2014 registaram-se 856 casamentos de estrangeiros, 1057 no ano seguinte e 1082 em 2016.

 

Devin e Eric casaram­‑se em Porches, sozinhos. «A família ficou chocada, queriam partilhar o dia connosco, mas explicámos que queríamos um momento só nosso. Quando regressámos aos EUA, celebrámos com duzentas pessoas e vimos o vídeo que fizemos no Algarve.»

Adriana Morais é fotógrafa de casamentos e no ano passado fotografou 18 casamentos de estrangeiros – cerca de metade do volume de trabalho anual. Já fotografou uniões entre turcos, afegãos e tailandeses, sendo os ingleses e os americanos quem procura mais os seus serviços. «De há cinco anos para cá, cada ano que passa tenho mais noivos estrangeiros, comparando com os portugueses», garante. E repete o rol de razões que os clientes lhe apontam: cultura, comida, vinho, pessoas, fado, praia, campo… A tradição portuguesa, a hospitalidade e a simpatia vencem todas as barreiras que podem estar a ser criadas com a insegurança que se vive no mundo. «O Turismo de Portugal tem feito um ótimo trabalho a vender o país lá fora. Há uns anos muitos nem sabiam onde ficava Portugal e hoje todos querem fazer férias por cá. Para mim, este é um negócio de futuro.» Enquanto houver praia, sol e boa comida, Portugal promete continuar a dar a bênção a todos os noivos que o escolham para destination wedding.

 

A brasileira Manoela Cesar tem um blogue dedicado a casamentos e muitos leitores (sobretudo mulheres) interessados em casar em Portugal.

«Um país variado»

«Portugal tem paisagens naturais encantadoras e um vasto património cultural, que proporciona uma variedade incrível», diz Manoela Cesar. A especialista brasileira, autora do blogue colherdechanoivas.com, dedicado apenas a casamentos, com 235 mil seguidores no Facebook e oitenta mil no Instagram, garante que tem cada vez mais leitores – mulheres, sobretudo – interessados em obter informações sobre cerimónias em Portugal.

 

Rui Mota Pinto é wedding planner há 25 anos e garante que 80 a 90 por cento dos clientes são estrangeiros.

O que faz um wedding planner?

«Os noivos portugueses encaram o nosso trabalho de wedding planners como um investimento extra, mas a nossa função é tornar a boda mais barata, já que juntamos todos os serviços» diz Rui Mota Pinto. Procuramos, analisamos, fazemos as negociações…» Rui é organizador de casamentos há 25 anos, supervisionando os eventos para que os noivos possam estar disponíveis para viver o dia com tranquilidade.

«O wedding planner ajuda também a criar casamentos de sonho», diz o profissional, que foi já várias vezes premiado (venceu cinco galardões) nos Belief Awards, promovidos pela comunidade Internacional de Wedding Planners Belief IWP. Neste aspeto, os noivos estrangeiros são mais descontraídos do que os portugueses. «Eles sabem o que querem e confiam mais no nosso trabalho.

Decidido o tema, eles deixam­‑nos criar e isso permite­‑nos sair da habitual conceção de um casamento», diz Maria José Ventura, que há sete anos criou uma empresa inspirada nas tendências do Brasil e que tem crescido no setor do Cerimonial e da Assessoria nomea­damente para destination wed­dings.

Trabalham com vários locais de norte a sul de Portugal, mas é na Quinta do Lumarinho, em Sintra, que organizam a maior parte dos eventos, com o «catering de assinatura» que também fornecem.

Há cada vez mais profissionais a prestar este serviço em Portugal, mas Rui Mota Pinto lamenta o «muito amadorismo» que encontra na profissão. «Temos de
ter cuidado com o serviço que prestamos», diz Maria José.

Quanto se paga para casar em Portugal?

«Os noivos chegam até nós com um orçamento muito maior do que o dos portugueses e pedem uma decoração de sonho», diz Maria José Ventura, da Prenúncio de Festa. Depois as empresas desenham um programa. Os preços cobrados por Rui Mota Pinto (que tem três fees fixos de serviços) variam de acordo com as especificidades e o número de convidados. «A nível de custos, estamos no mesmo patamar da Espanha, e os estrangeiros não vão para lá. Somos procurados porque somos bons no que fazemos e temos um país incrível», diz o wedding tailor e planner, como gosta de se apresentar. Melissa e Patrick, por exemplo, gastaram cerca de quarenta mil euros.

«As nossas famílias [80 convidados] estavam contentes por estarem num casamento à beira da praia, numa cerimónia que não foi portuguesa nem americana, mas sim internacional, para agradar a todos». Mariana e Thiago gastaram cerca de vinte mil euros em hotéis, almoço de ensaio no dia anterior e cerimónia para sessenta convidados.

E ainda passaram duas semanas em Portugal. Pouco, quando comparado com os preços brasileiros. «Um casamento mediano no Brasil, nos grandes centros, sai a partir de cem mil reais [aproximadamente trinta mil euros]. A média para eventos grandes é em torno de duzentos mil reais [60 mil euros]».

Devin e Eric, que fizeram um elopement, um tipo de casamento mais simples, só os dois, gastaram apenas 3500 euros, mais o valor das viagens. «Achei Portugal muito mais barato do que os EUA e os vossos casamentos muito mais divertidos»,
diz a noiva.

No final do ano, Maria José Ventura terá somado oito casamentos de estrangeiros e já tem 12 planeados para 2018.

 

Um negócio de milhares de milhões

Em 2015, a indústria mundial dos casamentos movimentava anualmente 276 mil milhões de euros (segundo dados da consultora IBISWorld). Só o mercado brasileiro de festas e cerimónias movimentava em 2014, de acordo com uma pesquisa do Instituto Data Popular (Brasil) e da Associação Brasileira de Eventos Sociais (ABRAFESTA), perto de 17 mil milhões de reais, ou seja, perto de cinco mil milhões de euros. No mesmo ano, segundo um relatório da Exponoivos baseado em dados do INE, PORDATA e através de uma pesquisa realizada pela NewEvents Global junto dos operadores do mercado e dos noivos, Portugal gerava com este negócio pouco mais de 605 mil euros. Longe dos 990 mil euros e dos 985 mil euros que o mesmo mercado movimentava antes da crise, nomeadamente, em 1994 e 2004. «Do ponto de vista macroeconómico é de considerar a relevância do volume de negócio gerado pelo casamento em Portugal que contribui quase com 0.5% do PIB, assim como é gerador de milhares de empresas diretas e indiretas nos mais de 40 subsectores de atividade envolvidos nesta indústria», lê-se no mesmo relatório da Exponoivos (Estudo Económico e Social da Indústria do Casamento em Portugal nos Últimos 20 Anos).