Guia de sobrevivência para o Mundial de Surf em Peniche

Esgotam hotéis e surf camps. Enchem-se as lojas de surf. Engarrafam as estradas de acesso. O areal enche com voyeurs e barracas de patrocinadores. E as ondas tornam-se sempre escassas para tantos aspirantes a Kelly Slater. É que por estes dias, o circo, e é mesmo um circo, do surf Mundial assenta arraiais em Peniche e nunca há ondas que cheguem.

Primeiro, em 2009, a visita seria caso único – apenas a etapa itinerante que a Rip Curl mantinha no circuito mundial. Mas atletas e organizadores gostaram e foram ficando. Desde então Peniche mudou. Nasceram lojas, dúzias de surf camps e escolas de surf por todo o lado. E tornou-se regra: outubro é época alta na cidade com vista para as Berlengas.

LEIA MAIS:

A BOA ONDA DO SURF NACIONAL

AS PROMESSAS DO SURF PORTUGUÊS

OS ESPECIALISTAS EM ONDAS GRANDES

Por estes dias, é sabido, desaparece o espaço para iniciantes e mesmo os locais ficam com a margem de manobra reduzida. Dúvida? Foi por falta de espaço e pelo desrespeito da normas de conduta – sim, entre surfistas existe – que em 2013 Joel Parkinson, campeão do Mundo um ano antes, se envolveu numa discussão com um dos bodyboarders locais que só terminou com um calduço que, filmando, a internet se encarregou de fazer viral.

Com a exceção a confirmar a regra da salutar convivência salutar entre profissionais e locais, não são de esperar confusões, mas sim surf de luxo. Como a penúltima etapa do ano, aos Supertubos chegam 8 surfistas com possibilidade matemática de se sagrarem campeões do mundo, mas três em quem toda a pressão assenta: o campeão em título e líder do ranking, John John Florence: Jordy Smith, sul-africano, segundo no ranking e Gabriel Medina, também ele ex-campeão do mundo.

E este ano, para quem seguir a prova, em Peniche ou pela televisão, para os portugueses há um extra: será a estreia de Frederico Morais como membro da elite mundial e numa altura em que já luta para conseguir mais um feito inédito no surf nacional: ser o melhor rookie do ano.