O Instagram não resiste a estes olhinhos de gato (nem nós)

Texto NM | Fotografias de Maggie Liu/Instagram

Tem mimos que nunca mais acabam, brinquedos de gato a sobrar pelos cantos, dois irmãos felinos com que se entreter a esfiapar os sofás da dona, Maggie Liu, de Pequim.

Ao contrário deles, porém, Luhu tem ainda uns olhos enormes – para ver melhor, como o lobo da história – e todo o ar de carregar o peso do mundo nos seus ombros felpudos. Assim ganhou o título de gato mais triste da internet quando, na verdade, talvez pudesse ser considerado um dos mais felizes.

«O Luhu teve infeções oculares com apenas duas semanas e foi submetido a uma grande intervenção cirúrgica por essa altura», explica Maggie Liu, que aos poucos se vai acostumando ao sururu dos cibernautas. «Desde então que ele passou a abrir muito os olhos sempre que precisa de focar alguma coisa.»

«Vivemos um momento importante de mudança social, em que as pessoas estão ávidas de aceder a temas relacionados com animais», diz a especialista Ceres Faraco.

Mulher de gatos, igualmente apaixonada pelos seus três bichanos listrados – Luhu, Barher e Bardie –, Maggie Liu começou a postar fotografias com orgulho de dona, por diversão. Não supunha que Luhu viesse a tornar-se uma celebridade na sua página de Instagram, @lanlan731, seguido de perto por mais de 157 mil fãs.

«Vivemos um momento importante de mudança social, em que as pessoas estão ávidas de aceder a temas relacionados com animais, aos seu temperamento e às narrativas de como vivem», contextualiza Ceres Faraco, especialista brasileira em comportamento animal. «Bichinhos peludos e de formas arredondadas como os bebés são muito admirados, a par dos traquinas e dos que convivem com gente famosa.»

Aquilo que para muitos não passa de uma moda na internet é uma forma de coesão social.

Acima de tudo, o que para muitos não passa de uma moda na internet é uma forma de coesão. «Os donos constatam que são muito mais atraentes socialmente quando comunicam através da identidade dos seus animais», adianta Ceres Faraco, sublinhando que estes ajudam a construir uma rede muito mais ampla do que aquela que a pessoa estabeleceria por si mesma.

Foi assim com Tard, o gato que hoje todos conhecem como Grumpy Cat devido ao ar zangado que o popularizou. Ou de Maru, um fenómeno nas redes sociais desde que se estreou, em 2009, a brincar com caixas de cartão no YouTube. Por sorte, o facto de Luhu andar por aí a quebrar corações não subiu à cabeça de ninguém em casa de Maggie Liu.

«Os três são muito amigáveis, nunca lutam entre si», conta a instagrammer, feliz com uma dinâmica familiar que só lhe traz alegrias. Em relação ao futuro, continuar a escrever sobre as aventuras dos seus gatos é tudo o que realmente deseja. «Isso, e que eles se mantenham saudáveis e possam viver comigo até ao fim», diz.