Escritor do dia: Afonso Cruz

Notícias Magazine

O que é que está a ler?
La Lámpara Maravillosa, de William Ospina.

O que é que está a escrever?
Acabei de entregar um livro de não ficção, e estou a terminar o sétimo volume da Enciclopédia da Estória Universal.

Quem é o seu escritor preferido?
Depende das horas do dia e do que estou a sentir. Hoje de manhã, Ospina, ontem à noite, Bashô. Na semana passada, Vonnegut e Chesterton.

Quem é o seu herói da ficção?
O quadrado A (de Abbott Abbott). E Corto Maltese.

Qual é o seu palavrão preferido?
Não é o meu preferido, mas a sua utilização foi bastante obscena: austeridade.

Que palavra nunca usa?
Não tenho nada contra nenhuma palavra, mas, claro, há umas que quase nunca uso: beijo com frequência, mas raramente osculo.

Quem é a pessoa que mais admira?
Todas as que fazem parte do meu quotidiano. Também admiro platónicos.

Que talento gostaria de ter?
Saber preencher os papéis dos impostos. E dançar.

Qual é o seu maior feito?
Ser pai.

Se pudesse escolher, em que país teria nascido?
Não tenho preferência.

Qual é a sua ideia de felicidade?
Uma das minhas personagens diz que só somos felizes quando já não sentimos os sapatos nos pés. Talvez tenha razão.

Qual é o seu maior medo?
Perder o que não se pode voltar a encontrar.

Qual é o seu lugar preferido do mundo?
Quando era criança era em cima de uma árvore, agora é ao pé dos amigos.

Que qualidade mais aprecia numa pessoa?
Bondade.

Se pudesse reencarnar, gostaria de voltar em que pele?
Na minha, para tentar falhar melhor.

Que livro ofereceria a Marcelo Rebelo de Sousa (para ele ler mesmo)?
Qualquer um dos meus livros preferidos. Como estamos a atravessar um momento de otimismo, talvez Alice no País das Maravilhas.

Se desse de caras com Donald Trump, o que faria?
Passaria a acreditar que ele existe mesmo.

Com quem é que gostaria de tirar uma selfie?
Com os meus avós, com a minha mãe. Mas já não é possível.

Qual é o seu lema de vida?
Não tenho um lema. Gosto de alguns versos de alguns poetas, que por vezes repito como se fossem orações.

Qual o final mais marcante que já leu?
Há um ano, ouvi o Juan Villoro dizer que as histórias não deviam começar por «era uma vez», mas por «era uma voz», porque tudo muda quando uma história é lida pela voz de quem nos ama. Por isso, penso que o final mais marcante é mesmo o «…e viveram felizes para sempre». Apesar de ser o mais inverosímil.