Quem disse que a roupa é inofensiva?

Texto de Sofia Teixeira | Fotografia de Shutterstock

Skinny jeans: demasiado apertados

Este ano foi publicado um estudo de médicos australianos no Journal of Neurology Neurosurgery & Psychiatry que relata o caso de uma mulher de 35 anos com os seguintes sintomas neurológicos: pernas dormentes, dificuldade em andar, desmaio. Por culpa de quê? Dos skinny jeans que trazia vestidos desde manhã. Este foi um caso mais extremo, mas a peça já se sabia culpada de muitas outras maleitas. A saber: desconforto abdominal, azia e refluxo – porque fazem demasiada pressão no estômago – e causadora de má circulação que é favorável ao agravamento de problemas como a celulite e as varizes.

Cinto: no furo correto

Se não tem uma cintura de vespa, não use o cinto como se tivesse (ou para fingir que tem), porque as consequências não são brincadeira. Quem o diz são os investigadores das Universidades de Glasgow e de Strathclyde, na Escócia, que num teste – com vários voluntários saudáveis, sem história clínica de refluxo gástrico – demonstram que o uso de cinto pode provocar uma hérnia parcial do hiato, forçando a entrada de ácido para o esófago, o que pode danificar as células, causando azia e aumentando o risco de cancro do esófago.

Tecidos sintéticos: cuidado

Cuecas de fio dental: tecido a menos

Os ginecologistas dividem-se entre os que demonizam as cuecas de fio dental e os que têm uma postura mais branda. Por isso, a versão mais consensual é esta: use, mas não abuse, sobretudo se tem propensão para infeções urinárias ou vaginais. As cuecas de fio dental, por ficarem mais junto ao ânus, com mais facilidade levam as bactérias para a zona da vulva. Outros problemas que apresentam são o facto de deixarem a vulva mais exposta, o que também pode implicar mais suscetibilidade a infeções e poderem causar lesões na pele por atrito. Mulheres com tendência para hemorróidas devem evitá-las.

Acessórios: alerta níquel

Sendo um material que confere durabilidade aos outros metais, o níquel é muito usado na bijutaria. A lista de acessórios em que se pode encontrar é interminável: fios, brincos, armações de óculos, botões e fechos de roupa, fivelas de cintos. No caso de ter ou vir a desenvolver alergia a este químico – que se manifesta por dermatite na pele que provoca irritação e vermelhidão –, a única solução é afastar-se tudo o que contenha o material. Nos óculos, opte por armações de plástico ou titânio; nos brincos, escolha material antialérgico ou de aço cirúrgico; nos fios, escolha materiais como pérolas e couro, metal só para colares grandes que se possam colocar por cima da roupa, sem contacto com a pele. Para tudo, dos brincos aos botões, pode optar por uma solução que temporariamente resolve o problema: revestir o objeto com esmalte incolor, mas tem de ir repetindo o processo, porque à medida que o esmalte se desgasta, a pele volta a entrar em contacto com o objeto e a alergia regressa.

Sapatos: tamanho e altura certas

Passa a vida em cima de uns stiletti de 8 centímetros (ou pior, de 10)? É provável que a coluna acabe por dar sinal com o passar dos anos. Quando o salto é tão alto, mesmo sem se dar conta, força-se a curvatura da coluna para trás, para manter o equilíbrio. Anos nesta postura incorreta não dão bom resultado e costumam traduzir-se em dores nas costas. Saltos acima de quatro centímetros, não sendo proibidos, devem ser guardados para ocasiões especiais. Ainda dentro da escolha de sapatos, saiba que formas bicudas, que apertam os dedos, têm potencial para, com o uso, acabar por deformar o pé. Os sapatos devem sempre ter espaço suficiente, tanto em altura como em largura. Para não falhar, compre os sapatos ao final do dia, quando os pés costumam estar mais inchados e com mais volume.