Dicas para poupar o mundo, já neste Natal

Notícias Magazine

Nunca pensámos que fosse tão rápido, pois não? Deixamos que anos e anos de avisos nos fossem passando ao lado, ah e tal, as calotas polares, ah e tal, mais um grau de temperatura, ah e não sei o quê mais as cheias no inverno e as secas no verão dos países pobres… Pois.

A seguir veio o Trump, com a sua bazófia evidente sobre as falsidades do aquecimento global, mais a Merkel com os seus acordos subtis para manter os níveis de carbono da indústria automóvel… e ficámo-nos. Pode não ser na nossa vida. Pode ser que não nos atinja – ou aos nossos descendentes –, pensámos.

E veio. A mudança climática veio mais depressa do que julgávamos, e aterrou de emergência em cima das nossas consciências. Direto. Veio em forma de incêndios brutais – que, na Califórnia, entraram pelo outono dentro (por cá fomos poupados a mais esse descalabro). E veio em forma de seca extrema. E de louca tempestade, num outono soalheiro. E de dias e dias de sol e céu azul – nem sombra de humidade. E de praias a desaparecer e níveis de água a subir. E de relatos de agricultores sem laranjas, de vinho escasso, de azeitonas boas mas poucas que tornam o azeite melhor mas mais caro.

E que será de nós? Não pode haver quem não pense nisso de cada vez que abre a água para o duche ou de cada vez que abre mais uma embalagem de plástico. Ou que compra uma árvore de Natal. Ou que escolhe uma roupa para comprar. Ou que deita para o lixo mais um bem inútil que comprou. Ou que conduz o carro num engarrafamento – declaração de interesses, ou melhor, de culpa mesmo, conduzo um carro alemão, ainda a gasóleo.

A época do Natal, e os dias que a antecedem e a seguem são de consumo e desperdício. O Natal tornou-se o auge da sociedade de consumo, e é esse circular da economia que cria riqueza, que desenvolve os países – e que, na sua forma mais benévola da publicidade, alimenta as notícias, os jornais, as revistas e todos os órgãos de comunicação social.

No Natal há as embalagens, os papéis de embrulho e os sacos. E há essa espécie de potlatch que são as ceias de consoada e os almoços de Natal, esses autênticos monumentos ao desperdício. Foi para fazer o nosso papel jornalístico de questionar que resolvemos acolher o tema que faz capa nesta semana: demos voz a pessoas que escolheram o caminho contrário. O caminho de poupar e não gastar. Usar sem desperdiçar. Reusar.

E transformaram o Natal deles e da família numa festa sustentável. Assim será, garantimo-vos, o futuro de todos nós quando todos estivermos quase sem água para beber ou ar respirável.

Há nesta reportagem boas dicas já para este Natal: ofereça experiências e coisas de comer e não brinquedos, monte uma árvore não tradicional e recicle enfeites, não cozinhe em demasia e use guardanapos de pano.