Um cruzeiro no Tejo nos anos 1920

Texto Ana Pago | Fotografia Arquivo DN

Embora a confusão nas ruas os perturbe, mais de 80% dos lisboetas dizem‑se satisfeitos com o aumento de turistas e o que trazem de bom: perto de 150 mil empregos; o setor a crescer 9,5 por cento entre 2005 e 2015; 13 mil novos quartos e mais 55 cruzeiros a fazer escala por ano, de acordo com a Associação de Turismo de Lisboa. Para a CNN, somos a cidade mais cool da Europa, com ruas fascinantes e uma movida noturna comparável à de Madrid.

Temos praias bestiais, cozinha sofisticada e braços abertos. Não admira que já há noventa anos os estrangeiros viessem atracar no Tejo desejosos de conhecer a capital – como este grupo de 150 excursionistas a bordo do navio Cap Lay.

Temos praias bestiais, cozinha sofisticada e braços abertos. Não admira que já há noventa anos os estrangeiros viessem atracar no Tejo desejosos de conhecer a capital – como este grupo de 150 excursionistas a bordo do navio Cap Lay, «entre os quais 26 médicos, um advogado, um senador e até um sir», segundo o DN de 19 de agosto de 1927.

Os automóveis que os aguardavam saíram do Cais do Sodré pelas nove horas. Visitaram Queluz, Monserrate e o Palácio da Pena, em Sintra. Tomaram chá no Estoril, após o que seguiram para os Jerónimos – «coisa inolvidável» – e o Museu dos Coches que, «mercê de uma deferência devida a estrangeiros que querem conhecer‑nos», atrasou o encerramento para que pudessem apreciar «as viaturas doiradas e sumptuosas que falam de épocas floridas e representações opulentas de grande corte».

Lisboa acabava de integrar os portos de escala dos cruzeiros da Compagnie Chargeurs Réunis. A ela «vai Portugal dever uma excelente propaganda do nosso valor como país a visitar, das suas formosuras naturais, das suas condições ameníssimas de clima». Em 1927 como em 2017.

PASSEIO
Bem cedo a 18 de agosto, notava‑se uma ansiosa pressa de desembarcar. «É que se tratava de gozar um dia pleno de turismo, no contorno do triângulo consagrado Lisboa‑Sintra‑Cascais.»