Sabe casear, franzir, chulear, rematar? Isto é costura criativa

Texto de Sara Dias Oliveira

Quer levar a costura mais a sério? Tratá-la por tu? Perceber, de uma vez por todas, como se trabalha com uma máquina de costura? Aprender a coser botões e alças? Costurar cortinados e capas de almofadas? Subir bainhas, fazer folhos e pregas? Criar uma manta em patchwork? Joana Nobre Garcia, autora do Costuramania, tem um novo livro com 51 lições neste mundo de tesouras e alfinetes. Manual Básico de Costura Criativa, publicado pela editora A Esfera dos Livros, é o bê-a-bá da costura criativa. Está tudo lá.

Das tarefas mais simples às mais complicadas apoiadas por desenhos e legendas. Tudo explicadinho. Papinha toda feita num manual que passa a pente fino esta arte de linhas e fechos e que mergulha de cabeça nesse universo para descomplicar o que, por vezes, parece tão complexo. E, nas últimas páginas, dicas para criar uma empresa porque quem sabe se de um hobby de agulhas não nasce um negócio.

Há vários tipos de pontos para coser à mão: ponto corrido, ponto duplo, ponto deitado, ponto de casamento, ponto atrás, ponto direito, ponto cobertor, ponto espinha.

«Esse gosto e essa habilidade podem tornar-se uma atividade rentável. Para isso, basta saber costurar, ter alguma técnica para poder criar algo de bom gosto e único, e de preferência útil para alguém! Não precisa de 20 anos de experiência ou de um curso: precisa, sim, de escolher o que quer fazer e depois, com alguma técnica, fazê-lo bem!» Palavras de especialista no assunto.

Boas costuras exigem equipamento básico: tesouras, alfinetes, lápis e caneta, agulhas, linhas, fita métrica ou régua, ferro de engomar. Também é preciso saber de que são feitos os tecidos para tirar partido dos panos. Os tecidos de algodão devem ser passados a ferro à medida que vai costurando. Há vários tipos de pontos para coser à mão: ponto corrido, ponto duplo, ponto deitado, ponto de casamento, ponto atrás, ponto direito, ponto cobertor, ponto espinha. Há agulhas diferentes, numeradas de 1 a 12, e quanto maior o número mais pequenas e finas. Há a agulha de bico normal ou de bico redondo, agulha para acolchoar, agulha longa, agulha de lã, agulha para enfiar pérolas. Há agulhas para todas as ocasiões.

A teoria diz que tecidos de algodão cosem-se com linhas de algodão e tecidos sintéticos com linha sintética.

Os alfinetes também são importantes para juntar tecidos e impedir que não saíam do sítio no momento da costura. Em linha reta, os alfinetes devem ser colocados de 15 em 15 centímetros, e de 5 em 5 centímetros se a costura for curva de forma a prender os tecidos nos cantos.

Alinhavar é meio caminho andado para um bom resultado. E as entretelas? Pois, também têm uma palavra a dizer. São fundamentais para incorporar e estruturar as peças dando-lhes maior força e volume. Há de vários tipos. Como há elásticos diferentes: elástico tubular, fio elástico para franzir, fita de elástico, elástico para alças.

Opções não faltam e escolher linhas é uma arte. Tudo depende do tecido que tiver entre mãos. A teoria diz que tecidos de algodão cosem-se com linhas de algodão e tecidos sintéticos com linha sintética. Coerência, acima de tudo. A cor da linha deve ser um tom mais escuro do que o tecido que estiver a usar e para rematar costuras pode usar a mão ou a máquina. A costura não é sempre a direito. «Tirar o excesso de tecido no sítio certo é essencial para um acabamento mais profissional. Em costuras retas, apare sempre os tecidos, pois a beira da costura deverá estar sempre igual antes de chulear». Mais uma dica.

Não esquecer que para um decote, é preciso uma guarnição para o remate interior, de entretela para dar corpo, ou de tira de tecido cortada em viés para se adaptar à curvatura.

E, afinal, o que é chulear? É acabar a beira do tecido. «O chuleio evita que o tecido se desfie. Por isso, se estiver a trabalhar com um tecido que desfie muito, antes de começar a coser, chuleie, e só depois cosa como se tratasse de um tecido normal», explica a autora do livro. O ponto ziguezague é o ideal para chulear. Casear é outra conversa. Casear uma casa de botão é fazer um remate à mão ou à máquina na abertura do tecido onde irá passar o botão.

E para franzir, ou seja, reduzir o comprimento de um tecido para metade e obter um drapeado, pode optar por fazê-lo à mão, à máquina ou com cordão. Os folhos, as pregas, os machos, também têm várias técnicas. E um decote? Idem aspas. Não esquecer que para um decote, é preciso uma guarnição para o remate interior, de entretela para dar corpo, ou de tira de tecido cortada em viés para se adaptar à curvatura.

Tudo tem a sua ciência. Para fazer bainhas à mão ou à máquina ou bolsos de chapa, bolsos metidos na costura ou bolsos de avental. Para escolher fechos, e há vários no mercado, e costurá-los. E quando costura fechos que são mais pequenos que a costura onde vai colocar o fecho, tem duas hipóteses: ou colocar um aumento ou introduzir o fecho na costura. A costura é quase um saco sem fundo, tem ao dispor mil e um instrumentos e ferramentas. O velcro é um deles. É uma fita composta por dois lados, um rugoso e outro suave, que quando pressionados, adere entre si. O velcro é assim uma ótima solução para fechar.

Joana Nobre Garcia não esquece um único detalhe e desmonta a máquina de costura para explicar, peça a peça, a utilidade de cada mecanismo e o que fazer para que tudo funcione. Como colocar uma nova canela ou enfiar a linha de baixo. Como coser à máquina. Convém ter sempre na cabeça que quanto mais espessos os tecidos, a linha e a agulha, mais longo deve ser o ponto. No caso de tecidos muito finos, deve costurar com papel fino por cima, rasgando-o para costurar. Pormenores que fazem a diferença. E que, segundo Joana Nobre Garcia, fazem bem à alma e à carteira.