No Martinho da Arcada, Fernando Pessoa continua vivo

Texto de Ana Patrícia Cardoso | Fotografia de Arquivo DN

A 27 de novembro 1935, dois amigos sentaram-se pela última vez numa das mesas do Martinho da Arcada para beber uma bica. Artistas maiores do seu tempo, Fernando Pessoa e Almada Negreiros conversaram durante algumas horas, beberam um café e despediram-se.

Três dias depois, Pessoa morria no Hospital de São Luís dos Franceses e este encontro ainda hoje é recordado como a última vez que o poeta entrou no seu local favorito, em Lisboa. Foi ali que passou tardes a escrever na mesa do canto, que mais tarde seria batizada com o seu nome.

Ainda hoje, 82 anos após a sua morte, as paredes do café estão cheias de memórias do maior escritor português do século XX. E há quem faça fila para tirar uma fotografia na mesa do Pessoa.

Os amigos juntavam-se a ele com frequência e um desses momentos foi registado e posteriormente publicado a 23 de dezembro de 1928 n’O Notícias Ilustrado, a revista dirigida pelo realizador Leitão de Barros e, entre 1928 e 1935, publicada ao domingo com o Diário de Notícias.

Na imagem, quatro nomes da literatura portuguesa tomam uma cerveja. Além de Pessoa vemos o escritor António Botto, cuja obra o próprio Pessoa editou, Raul Leal, escritor e poeta, e Augusto Ferreira Leal, um poeta modernista que colaborou com as revistas Orpheu, Contemporânea e Athena. Era um dos amigos mais próximos do poeta e dedicou-lhe livros seus.

Ainda hoje, 82 anos após a sua morte, as paredes do café estão cheias de memórias do maior escritor português do século XX. E há quem faça fila para tirar uma fotografia na mesa do Pessoa.

MESAS ILUSTRES

Eduardo Lourenço, José Saramago, Júlio Pomar, Manoel de Oliveira, Ruy de Carvalho são outros dos homenageados no Martinho da Arcada com mesas batizadas em honra dos grandes nomes da cultura portuguesa.