Alfa Romeo Giulia. Menina em pele de lobo

A Alfa Romeo precisava de uma berlina premium assim: com design sedutor, motor e dinâmica de condução irrepreensíveis – não esquecer a tração traseira – e com excelentes acabamentos interiores. Essa berlina chama‑se Giulia.

A Alfa Romeo está de volta. E não foi porque tivesse parado a produção – que todos sabemos que não –, mas nas últimas duas décadas nenhuma berlina premium marcava pela diferença. Pois o Giulia surpreende, desde logo pela irreverência estética, mas é na dinâmica de condução que se sente este novo pulsar – só peca pelo espaço interior. Conduzir um Giulia 2.2 turbodiesel de 180 cavalos, com caixa de seis velocidades, faz tremer os rivais alemães (Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes Classe C): o comportamento deste italiano com tração traseira é entusiasmante, o motor é cheio de vitalidade (ainda que algo ruidoso), e prima pela agilidade graças ao excelente compromisso chassis/suspensão. O que é que isto quer dizer? Que quem procura um carro divertido – e com uma excelente posição de condução – vai provavelmente ficar apaixonado. O motor é irrepreensível e a marca italiana anuncia consumos de 4,2 litros/100 km, que no nosso ensaio não foram alcançados – andámos pouco abaixo dos 6 litros.

Ainda que os gostos sejam subjetivos, o Giulia apresenta‑se como uma das berlinas mais sedutoras do mercado. Comparando o incomparável, as linhas curvas deste novo modelo não deixam ninguém indiferente, como nos velhos tempos de um GT Junior das décadas de 1960 e 70.

Acontece, porém, que o Giulia é vendido apenas na versão berlina, a station não está disponível – e a concorrência mais direta tem uma carrinha. É claro que o Giulia tem mais limitações (ainda que tudo seja relativo). Estas tornam‑se óbvias quando se quer sentar cinco adultos, e não dá por causa do túnel central – até quatro sentem o «aperto» nas pernas. Para contrabalançar, o conforto é premium, tanto na qualidade dos materiais e desenho dos bancos como no desempenho da suspensão em pisos irregulares – fica a nota positiva.

Por falar em espaço, a bagageira tem capacidade para 480 litros de carga (o mesmo que os rivais alemães) – acontece que o rebatimento dos bancos (40/20/40) é um extra que custa 350 euros. Já o acesso é em certa medida estreito, notando‑se quando se pretende guardar objetos mais volumosos. Quanto ao habitáculo – com acabamentos premium –, os mostradores redondos são já uma impressão digital da Alfa Romeo, que neste modelo são torneados por dois aros e encerram entre eles um ecrã de 5 polegadas. No centro do tablier, outro ecrã, este de 8,8 polegadas, integra o sistema multimédia Connect 3D Nav que inclui a navegação – o controlo é feito por um botão giratório.

Um pormenor de requinte é o botão de ignição no volante (de excelentes dimensões), a fazer lembrar um Ferrari. Para quem tem especial preocupação com a segurança ativa, o Giulia está muito bem equipado de série com o alerta de colisão dianteira com travagem de emergência autónoma e deteção de peões, o aviso de saída de faixa de rodagem e o cruise control com limitador de velocidade. E estes são apenas alguns itens tecnológicos à dimensão da era em que vivemos. O preço? A partir de 41 750 euros (versão 2.2 turbodiesel de 150cv).