5008, odisseia no espaço

Notícias Magazine

O novo Peugeot 5008 passou de monovolume a SUV com distinção. Mais estiloso, mais tecnológico, mais eficiente e com lugar para sete a bordo. A apresentação internacional foi em Portugal e trouxe 600 jornalistas estrangeiros a Lisboa. Rui Pelejão, editor do site Motor24, esteve lá.

Como transformar um carro que era um monovolume num SUV? «O desafio era criar mais espaço a bordo e lugar para sete ocupantes», responde Yann Beurel. «Portanto, concentrámo-nos em desenhar uma traseira que não traísse a aparência SUV do 3008 mas oferecesse maior versatilidade.» O francês que liderou a equipa responsável pelo design exterior do novo Peugeot 5008 falava na apresentação internacional à imprensa, que decorreu em Portugal em fevereiro, trazendo até nós seiscentos jornalistas de trinta países.

Beurel foi também o responsável pelo design exterior do consagrado Peugeot 3008, que neste ano foi eleito Carro do Ano Internacional e Carro do Ano em Portugal. Como a metade da frente do 5008 é igual à do 3008, a Peugeot pretende prolongar o sucesso do seu SUV compacto, acrescentando-lhe centímetros e mais dois lugares extra. Ou seja, o 5008 é no fundo a versão longa – e em média 1700 euros mais cara (dependendo da motorização) – do 3008.

Para conhecer as qualidades dinâmicas do 5008, a marca francesa desenhou um percurso de test-drive entre Lisboa e a serra da Arrábida. Mesmo sabendo que as versões diesel (de 120, 150 e 180 Cv) ainda vão merecer a preferência dos clientes, optei pela versão com motor a gasolina 1.2 Pure Tech de 130 Cv conjugada com caixa automática de seis velocidades. Como é que um motor pequeno, que há meia dúzia de anos estava reservado a citadinos, hoje consegue puxar um SUV com as dimensões e o peso deste 5008?

Antes de me fazer à estrada, vou explorar o espaço a bordo e a eficácia dos lugares adicionais. O que impressiona em primeiro lugar é o espaço, especialmente para os passageiros da segunda fila. O acesso é fácil, com portas grandes, e esses bancos podem mover-se longitudinalmente em 15 centímetros para dar mais folga às pernas dos passageiros da terceira fila, na qual cabem dois adultos.

Uma das novidades do 5008 é a possibilidade de se retirarem os dois bancos suplementares, oferecendo um espaço de carga adicional para a bagagem. O único problema é que a montagem e desmontagem dos bancos está ao nível das montagens dos móveis da IKEA: não é fácil nem intuitiva. Mas a versatilidade que oferece um carro que pode rebater todos os bancos e criar um espaço de carga quase ao nível de um furgão de mudanças é notável.

Sento-me ao volante, o tal pequeno, cortado por cima e por baixo, como o do 3008. Aliás, todo o design e funcionalidades são idênticos ao do 3008 e dão um ambiente a bordo futurista, quase aeroespacial. A Peugeot chama a todo este cenário i-cockpit e é isso que parece, um cockpit de um avião. Os comandos são intuitivos e fáceis de manusear, não faltam espaços de arrumação para espalhar a tralha e o nível de equipamento é state of the art para este segmento.

Das tecnologias de auxílio à condução, passando pelos sistemas de segurança ativa e passiva e terminando nos sistemas de infoentretenimento (ligações USB, bluetooth, conexão com smartphones, navegação, etc.), o Peugeot 5008 oferece o melhor que o dinheiro pode comprar em equipamento.

Bem envolvido pelo confortável banco, rolo em ritmo tranquilo pela Ponte Vasco da Gama, apreciando a boa insonorização a bordo e a facilidade de condução deste automóvel de largas dimensões – postas à prova nas fabulosas estradas da serra da Arrábida. Mas aqui o 5008 mostra não estar como peixe na água. O seu mar são as autoestradas, não as estradas de montanha.

É competente em ritmo lento, serpenteando pelas curvas e oferecendo até bom feeling de condução – graças a uma direção precisa e a uma suspensão eficaz. Mas quando se puxa mais pelos 120 Cv do motor notam-se algumas dificuldades de tração, sobretudo em sequência de curva e contracurva. Agilidade não é a melhor qualidade do 5008, mas de um carro feito para transportar sete pessoas e ainda se poder aventurar em trajetos off road também não se estava à espera da fogosidade de um GTi.

O motor a gasolina 1.2 Pure Tech de 130 cv teve alguma dificuldade em estrada de montanha. Mas a qualidade de vida a bordo parece compensar isso.

O Peugeot 5008 começa a ser vendido em junho, com preços a partir de 32 mil euros, e vai pagar Classe 1 nas portagens.

OS CONCORRENTES

Nissan X-Trail

NISSAN X-TRAIL
O Nissan X-Trail está para o Qashqai como o Peugeot 5008 está para o 3008: é um SUV de sete lugares com versatilidade acrescida. A principal diferença é que o X-Trail é bastante mais caro do que o Qashqai e tem versões de tração dianteira e integral, enquanto o Peugeot 5008 tem, para já, apenas versões de tração dianteira. A partir de 34 500 euros.

Land Rover Discovery

LAND ROVER DISCOVERY
A marca com tradições na produção de veículos off road adaptou-se aos tempos modernos, transformando os modelos mais icónicos em SUV. O Land Rover Discovery é um bom exemplo. Com 4,97 metros, oferece um habitáculo para sete adultos. Os dois bancos da última fila podem ser escondidos sob a plataforma, garantindo assim um volume de carga de 1231 litros. A partir de 43 mil euros.

Skoda Kodiak

SKODA KODIAK
A VW vai substituir alguns monovolumes por SUV, que representam já um quarto das vendas no mercado automóvel europeu. O Skoda Kodiaq é o primeiro desta ofensiva. Tem 4,69 metros e sete lugares, uma capacidade da bagageira entre 720 litros (com cinco lugares) e 2065, com os bancos da segunda fila rebatidos. Chega ao mercado português nesta primavera (não se conhecem preços).