23 truques para lidar com os medos dos filhos

Texto de Catarina Guerreiro | Fotografia de Shutterstock

Faz parte do crescimento e da tomada de consciência de si, dos outros e do mundo: o medo. Não há criança que não o tenha. Não um, mas vários, e ao longo dos anos. Têm medo do escuro, das trovoadas, dos monstros, da separação dos pais, da morte e de muito mais.

Nestes casos, a melhor estratégia do pai e da mãe, garante Mauro Paulino, coordenador da Mind, empresa especializada em psicologia clínica e forense, é composta por três palavras: «acompanhar, escutar e dialogar». Só assim, diz, é possível perceber o que causa tensão nas crianças e aliviar esse sentimento.

Não se deve «fechar os filhos numa redoma», para protegê-los dos medos que possam surgir. Há três palavras chave para lidar com isso: «acompanhar, escutar e dialogar».

Para o especialista, não se deve «fechar os filhos numa redoma», para tentar protegê-los de novos medos que possam surgir, como dos fogos, do terrorismo ou das catástrofes naturais, que, quando acontecem, preenchem quase totalmente não só os alinhamentos noticiosos como as conversas dos adultos.

Tem de lhes tirar as dúvidas, tranquilizar e passar boas mensagens. Desligar repentinamente a televisão para não o deixar ver certas imagens não é a solução. Descubra como pode ajudar os seus filhos a lidar com estes novos medos e com algumas das situações mais marcantes, como os pesadelos e os filmes que os assustam. Da conversa com o psicólogo clínico e forense, ficam aqui 23 dicas.

AJA COM NATURALIDADE PERANTE OS MAIORES MEDOS

  • Quando o filho chora na escola com medo que não vão buscá-lo, os pais devem sempre, em casa, contar o que fizeram no trabalho e transmitir a ideia de que se divertiram. Para que a criança perceba que é possível divertir-se com outras pessoas.
  • Quando deixa a criança na escola e ela fica a chorar nunca deve ficar à espera que pare nem pode olhar para trás várias vezes quando está a ir embora.
  • Não fuja de falar da morte. Não faz mal nenhum chorar à frente das crianças desde que não seja algo exagerado. E também não há problema em levar uma criança de nove ou dez anos ao cemitério. Eles têm que perceber que há ambientes tristes e que a família se reconforta.
  • Ao tentar explicar o que é a morte nunca a compare a situações como o dormir. Nunca diga: «O avô morreu e está a dormir para sempre». Pode criar ansiedade na hora de dormir.
  • Quanto ao medo de que os pais morram, assuma que compreende esse medo, mas tranquilize, explicando que está tudo bem com os dois. Na fase em que a criança anda com esse medo tente não falhar combinações de horas. Se marca uma hora com a criança tem que cumprir.

NÃO IGNORE AS TRAGÉDIAS

  • Quando surge uma noticia na televisão, não se deve desligar abrutamente o aparelho para que a criança não veja, mas sim aproveitar para que ela possa tirar as dúvidas e expor os medos. Depois disso, as mais novas não devem ser expostas à mesma notícia durante o resto da semana.
  • Responda às perguntas das crianças em relação a fogos, terramotos, tsunamis e outras catástrofes naturais em vez de as bombardear com informação. O excesso pode causar ansiedade.
  • As crianças devem ter noção de que há pessoas boas e más. Por isso, não há mal em passar essa ideia quando se explica, por exemplo, alguma dúvida sobre uma notícia que ouviram sobre terrorismo.
  • Transmita segurança. Explique que eles estão seguros e que há autoridades, como a polícia, a fazer planos de ataque aos terroristas ou bombeiros a combater fogos. E lembre-lhes que os pais vão sempre protegê-los.
  • Para os tranquilizar, use imagens e palavras que eles entendam. Ao explicar os incêndios, recorra a cenas como a dos aviões que andam pelo ar a apagar as chamas.
  • Termine a conversa com uma mensagem positiva.

PREVINA OS PESADELOS

  • É importante as crianças terem uma rotina perto da hora de se deitarem e terem atividades calmas.
  • Para dar conforto, deve-se colocar uma luz de presença no quarto ou perto dele.
  • A porta do quarto pode ficar aberta para a criança ficar tranquila de que será ouvido se chamar alguém.
  • Não permita brincadeiras e jogos violentos, como os videojogos.
  • Os pais devem evitar cenas de discussão e agressões verbais à noite (ou a qualquer hora, convenhamos) à frente da criança.
  • Perante um pesadelo, deve-se ouvir o que eles contam.
  • Depois de um pesadelo não durma o resto da noite com o seu filho, pois está a transmitir a ideia de que de facto há algum perigo.

PREPARE-SE PARA FILMES COM CENAS ASSUSTADORAS

  • Quando vai ver um filme crie sempre um ambiente agradável e com sensação de diversão, com pipocas, por exemplo. Se for filme que pode ter cenas mais assustadores evite vê-lo à noite.
  • Antes de permitir que o seu filho veja um filme, leia a sinopse e veja o trailer.
  • Tenha em conta que as idades a que se destinam os filmes são apenas uma referência. Tente certificar-se de que o filme é adequado ao seu filho e às suas características pessoais, independentemente da idade para que é indicado.
  • Se ele ficar assustado, explique-lhe que aquilo é apenas um filme e tranquilize.
  • Nunca use personagens de filmes que metem mais medo, como bruxas, para os forçar a obedecer a qualquer coisa. São proibidas frase do género «Se não te portares bem vou chamar a bruxa ou o bicho papão»